Repórter lança livros sobre Sendero Luminoso e a história dos incas

A jornalista e escritora Rosana Bond lança seus dois livros mais recentes: "Peru: do império dos incas ao império da cocaína" e "A saga de Aleixo Garcia – O descobridor do império inca", nesta quarta-feira (19), às 18h30, na Biblioteca Pública do Paraná. Em 432 páginas, a autora abre amplo leque sobre a história daquele país, trazendo informações inovadoras e de bastidores, desde o império incaico até os dias atuais.

Ela estará acompanhada pelo sociólogo Fausto Arruda, diretor da Coedita – editora do Rio de Janeiro que publica também o jornal mensal A Nova
Democracia – para uma palestra. Na obra, Rosana Bond mostra que o ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori e seu assessor, o agente da CIA Vladimiro Montesinos, eram quem comandavam o esquema da cocaína no Peru. Revela, também que o Sendero Luminoso (Partido Comunista do Peru) não só está vivo, como hoje é surpreendentemente comandado por mulheres e continua na lista dos grupos mundiais que os EUA mais temem.

Sobre o fujimorismo que dominou o país por dez anos (1990 a 2000) a
repórter, que cobriu diversas guerras na América Latina e é autora de 12 livros, montou um autêntico dossiê. Informa, por exemplo, que a primeira eleição de Fujimori teve financiamento dos traficantes do cartel de Medellín. E que o próprio avião presidencial, um DC-8, era usado para o transporte de cocaína, como aconteceu em maio de 1996, quando foram encontrados 169 quilos da droga na aeronave, no momento em que Fujimori se preparava para embarcar a Paris. O fato foi abafado pelas autoridades.

Mais revelações

A obra revela, também, que o principal assessor do presidente, Vladimiro Montesinos, era comprovadamente um agente da CIA. ?Com o beneplácito da agência norte-americana, ele recebia fortunas do tráfico e de negócios
ligados à corrupção?, afirma a autora. Montesinos acumulou ilegalmente US$ 1 bilhão.

Segundo o jornal La Reforma, do México, familiares e amigos de Montesinos e Fujimori estavam conectados ao tráfico internacional de cocaína por meio de 15 corporações de fachada: Wotan Internacional, Colinsa, Crousillat Brothers, Mobetek, Vifebrina, Debrett, Benavides Inc., dentre outras.

Sobre o Sendero Luminoso (Partido Comunista do Peru), o livro mostra que
a prisão de seu principal dirigente, Abimael Guzmán, em 1992, não causou o fim do grupo, como o governo chegou a prever. ?O Sendero continua muito atuante e, curiosamente, é hoje liderado por mulheres?, conta a jornalista. Diz, também, que, apesar das poucas notícias na imprensa, o grupo maoísta continua sendo uma grande preocupação dos EUA em nível mundial.

Rosana Bond foi a primeira repórter da América a manter contato com esses guerrilheiros e, em 1991, lançou a obra ?Sendero Luminoso: fogo nos Andes?, narrando fatos inéditos sobre a luta armada peruana.

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