Rei Arthur foi uma das frustrações do verão americano, faturando apenas 51,7 milhões dos 90 milhões de dólares investidos em sua produção, fora o marketing. Nem a beleza de Keira Knightley, a revelação de Piratas do Caribe, segurou a onda. Em vez de ser mais uma versão do lendário Rei Arthur e sua corte de Camelot com uma espada mágica, um mago e um triângulo amoroso, o diretor Antoine Fuqua e o produtor Jerry Bruckheimer resolveram partir para o que dizem ser uma saga historicamente documentada que desmonta toda a magia da lenda, substituindo-a por uma versão crua, sangrenta e despida de maior interesse. As batalhas são fenomenais, mas assistir batalhas medievais depois da saga de O Senhor dos Anéis não mobiliza mais ninguém.
Nas notas de produção há um imenso blábláblá para justificar a apresentação de Arthur como um cavaleiro meio bretão meio romano, praticamente um mercenário a serviço de Roma com seus samarianos, a denominação usada para os cavaleiros da Távola Redonda. Os samarianos eram guerreiros da Europa oriental que se colocaram a serviço de Roma, uma espécie de força de elite, no caso liderado por Arthur (Clive Owen) com Lancelot (Ioan Gruffud), Galahad (Hugh Dancy), Bors (Ray Winstone), Tristan (Mads Mikkelsen) e Gawain (Joel Edgerton).
Arthur é um idealista ingênuo (redundância?) que, a certa altura, diz que Roma era uma união de grandes homens para libertar a humanidade. Ao longo do filme ele vai se dando conta de que Roma é uma potência imperialista que usa a força bruta em nome de Deus para escravizar povos e amealhar riquezas. A verdade soca sua cara quando ele sabe do assassinato, pela santa madre igreja, do filósofo que admirava, Pelagius, defensor de uma doutrina que dava liberdade ao homem para escolher o curso de sua vida de acordo com as leis da honra e da bondade.
No filme, por volta do século cinco, a ocupação de 300 anos da Bretanha por Roma está chegando ao fim e um enviado, bispo Germanius, chega trazendo uma espécie de carta de alforria para Arthur e seus samarianos. Mas, antes, ele ordena uma última missão: resgatar o romano Marius Honorius (Ken Scott) e seu filho Alecto (Lorenzo de Angelis), este um favorito do papa. As terras de Marius estavam cercadas pelos invasores saxões, tribos originárias das atuais Alemanha e Holanda que invadiram a Bretanha destruindo tudo pelo caminho. As batalhas que se seguem, seguindo a atual tendência, são dignas dos joguinhos de vídeo games. As mulheres participam das lutas, tanto quanto os homens. Para os infanto-juvenis apenas.