Um dos maiores nomes do cenário artístico paranaense, a atriz e produtora cultural Regina Vogue está comemorando bodas de ouro de casamento com o teatro. Responsável por um auditório que leva seu nome – localizado dentro do shopping Estação, em Curitiba – a artista gosta de viver intensamente e organiza uma programação comemorativa de aniversário bastante diversificada.
No segundo semestre deste ano, a vida de Regina deve ser colocada no palco através de um espetáculo biográfico, no qual ela ira se autointerpretar e também ser retratada na juventude por uma atriz adolescente. A peça ainda não tem título e começa a ser ensaiada em julho. A estreia está prevista para setembro, mês de aniversário da atriz, que está com 65 anos de idade.
“Vai ser como se eu estivesse me olhando no espelho e vendo minha vida passar. Será um espetáculo simples, mas bastante intimista. Nunca deixo de considerar meu passado ao viver meu presente. Gosto de mesclar as duas coisas”, diz Regina.
Ainda no segundo semestre, a companhia da atriz deve estrear o espetáculo infantil Alice no país das maravilhas, em outubro, como um presente no mês das crianças. Outro projeto, para 2011, é o lançamento de um livro sobre sua vida que está sendo escrito pela advogada Viviane Burger, uma das fundadoras do Ateliê de Criação Teatral (ACT).
“O livro está sendo escrito há dois anos e vai retratar como cheguei até onde estou hoje. Será uma obra sobre minha vida e bastante humana, que visa mostrar como costumo fazer de minhas tragédias uma comédia”, conta a atriz.
E para quem duvida que a vida de Regina seja dotada de emoções suficientes que rendam um livro e um espetáculo, basta olhar apenas para o início da carreira da artista. Nascida em Caçador (SC) e criada em Porto Alegre (RS), ela fugiu da casa dos pais aos 16 anos de idade para se juntar a uma trupe de circo. Única filha moça ao lado de dois irmãos homens, a fuga foi o meio que ela encontrou de buscar seus ideais e seguir seu destino.
“Sempre quis ser artista. Quando era criança, queria ser bailarina, mas meus pais achavam que não era coisa de gente direita. No circo, trabalhei em números de fogo, de força capilar e como auxiliar do atirador de facas. Tive uma formação de teatro de pavilhão e, para poder me sustentar, já fui até faxineira de teatro”, lembra.
Regina se fixou em Curitiba no ano de 1981 e acabou realizando uma série de trabalhos na cidade. Em 1996, desempregada, acabou fundando sua própria companhia, batizada de DKV, que teve como primeira montagem o espetáculo infantil Chuva de cores, com texto e direção de Nivaldo Dutra, que hoje trabalha em Lisboa. Foi a partir de então que Regina começou a se dedicar a produzir peças para crianças, o que acabou se transformando em uma paixão.
“Hoje, meu nome já é quase sinônimo de teatro infantil. O teatro para crianças surgiu como uma necessidade e acabou se transformando em minha missão de vida. Hoje, mantenho um centro de estudo em teatro infantil, que busca fazer uma leitura nova de tudo que existe na dramaturgia para crianças, tornando-a contemporânea e moderna”.
Regina tem dois filhos, Maurício e Adriano Vogue. Os dois também foram cativados pelo teatro, sendo que Maurício é ator e diretor e Adriano se dedica à parte administrativa do auditório do shopping Estação. “Eu e meus filhos somos grandes parceiros. Somos cúmplices no trabalho e, muitas vezes, conseguimos nos comunicar apenas com olhares. Maurício, com um mês de vida, já estava no palco participando do espetáculo Direito de nascer. É um orgulho e uma alegria muito grande tê-los comigo”.
