Adélia Prado é uma das mais aclamadas escritoras da literatura brasileira, ao lado de nomes como Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles e Lya Luft. Com uma obra que inclui prosa, poesia e, recentemente, a estréia na literatura infantil, com Quando eu era pequena, Adélia encanta pela linguagem ao mesmo tempo poética e impactante. Dando continuidade ao projeto de reeditar toda a sua obra com um novo projeto gráfico, a Editora Record traz mais cinco títulos emblemáticos na carreira da autora mineira.
Vencedor do Prêmio Jabuti em 1978, O coração disparado consagrou a autora como a voz mais feminina da poesia brasileira. Nele, Adélia aprofunda um dos temas que se tornariam marca de sua obra: a religiosidade. ?A experiência religiosa é uma experiência poética. A poesia aponta para o mesmo lugar para onde a fé nos leva. São experiências de natureza comum. Tanto é verdade que a linguagem é a mesma. Os textos míticos são paradoxos, falam por metáforas, porque falam do indizível. A poesia é a mesma coisa?, explica Adélia.
Publicado pela primeira vez em 1981, Terra de Santa Cruz reúne poesias que revelam uma crise na vida da autora, marcada pela proximidade da velhice e pela perda de algumas certezas religiosas. Nesta obra, com o mesmo nome que os portugueses deram ao Brasil, Adélia amplia seu diálogo sobre vida e morte, tristeza e alegria.
Estréia de Adélia na prosa, Solte os cachorros, publicado originalmente em 1979, mostra os desafios de uma mulher de 40 anos. Como sugere o título, aqui a autora abre o verbo, se mostra sem censura. Fala sobre amor, relacionamentos, religião, vida e morte.
Cacos para um vitral, de 1980, conta o cotidiano aparentemente monótomo de Maria da Glória, professora de música e de religião, em busca da perfeição divina. Nele, Adélia Prado usa a metáfora do vitral para explicar a relação entre a vida e Deus. Narrado em terceira pessoa, acompanhamos os pequenos fragmentos da vida dessa mulher ao lado do marido Gabriel, e a discussão de ambos sobre a criação poética.
Em Os componentes da banda, editado pela primeira vez em 1984, mais uma vez Adélia descreve o seu mundo – uma cidade do interior -, a sua gente, a sua paisagem, numa linguagem ora comovida, ora indignada. Repleta de paixão e universalidade, ela cria música com seu lirismo. ?Eu só tenho o cotidiano e meu sentimento dele. Não sei de alguém que tenha mais. O cotidiano em Divinópolis é igual ao de qualquer lugar no mundo, só que vivido em português.?
Adélia Prado nasceu em Diviniópolis, Minas Gerais, em 1935, onde reside até hoje. Sua formação é em Magistério e Filosofia. Em 1976, publicou Bagagem. Em 1991 é publicada sua Poesia reunida. Em 1994, após anos de silêncio poético, ressurge com o livro O homem da mão seca. Em 1999 são lançados Manuscritos de Felipa, Oráculos de maio e sua Prosa reunida. Em agosto de 2000, pelo selo Karmim, grava o CD O tom de Adélia Prado, onde lê poemas do livro Oráculos de maio. Em novembro de 2001, lança Filandras, volume com 43 crônicas, e, em 2005, a novela Quero minha mãe. Quando eu era pequena, de 2006, marca sua estréia na literatura infantil.
