Inversão da culpa

Record demite funcionária após ela denunciar assédio

“Estava esperando a poeira baixar e meu coração e minha mente darem uma desacelerada para vir aqui dar esta notícia. Não faço mais parte da TV Record. Fui demitida na última segunda-feira.” Assim Elisângela Veiga, 27 anos, anunciou que havia sido desligada da TV Record do Rio Grande do Sul, empresa na qual trabalhava havia cinco anos. Ela foi demitida no último dia 3 após denúncias de assédio dentro da empresa.

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Elisângela Veiga./Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com a jornalista, que fazia parte da equipe de produção, sua demissão foi resultado de uma paralisação de funcionários que protestavam contra abusos dentro da empresa. “No final do ano passado decidimos fazer um dia de greve para chamar a atenção da chefia superior sobre o assédio moral, que todos sofrem, e até mesmo sexual, que eu sofri, naquela emissora”, explica em post no seu Facebook.

Procurada pelo Estadão, Elisângela afirma que havia dois chefes envolvidos no problema. Um deles era acusado de abuso moral, “pressão, ameaças diretas e indiretas. ‘estão produzindo pouco, desse jeito vamos ter de demitir toda a produção’, disse uma chefe certa vez. Quem não entrava na dança, literalmente, dançava”.

Outro funcionário que ocupava um cargo mais alto na empresa teria assediado a jornalista sexualmente. “Encostava quando dava beijo no rosto, se eu não virasse, ele beijaria minha boca”, exemplifica. Elisângela ainda relembra que, em uma reunião de pauta, o chefe cheirou seu pescoço “para saber de onde vinha o cheio bom”. Ela desconhece outros casos similares.

Depois dos protestos dos funcionários, “o resultado foi a demissão de apenas um chefe, o que me assediava sexualmente, a permanência da outra chefe, que pratica assédio moral, e a demissão de oito funcionários que lutaram por melhorias nas condições e no ambiente de trabalho”. A jornalista está entre os oito mandados embora.

Ao demitir os funcionários, a empresa alegou que estava reestruturando o quadro funcional. Depois de expor o caso, Elisângela não foi procurada pela Record. “Mas o chefe que me assediava sexualmente, que mora em São Paulo e trabalha em outra emissora, me ameaçou por Whatsapp“, afirma.

O Estadão entrou em contato com a Record TV, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

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