A falta de habilidade com a bola não faz tanta diferença no Várzea F.C. No reality sobre futebol, que estreia amanhã, às 23 horas, no History, o grande barato é o que acontece além do campo. A atração mostra o dia a dia do Caju, sigla do Clube Atlético Jaguaré Unidos, time amador do bairro da zona oeste de São Paulo com integrantes cômicos que passam mais tempo criando confusão do que tentando marcar um gol.
Para fazer um recorte da equipe, o programa, criado em parceria com a Endemol – a mesma produtora do formato do Big Brother – e executado pela OSS Produções, foram escolhidos quatro jogadores. Expressivos, Amauri, João Funeca, Paraíba e Viola, que não ganham dinheiro para defender a camisa do Caju, dedicam-se a discutir com os companheiros e Bardega, diretor e mantenedor do clube.
Mesmo sob a tutela de reality, Várzea F.C. tem cenas roteirizadas que podem ser percebidas pelo telespectador. “Passamos dois meses mapeando a vida deles, seguindo suas rotinas. Soubemos coisas incríveis. O roteiro era feito ao mesmo tempo em que gravávamos”, justifica o diretor, Leo Longo. Até os protagonistas brincam com as sequências pouco espontâneas. “Sou agora um ex-ator, já fiz a minha parte”, diverte-se Viola, que costuma provocar mais os amigos de pelada.
O produtor Níbio Salatino teve a ideia de retratar o time de várzea por já ter jogado em uma equipe do mesmo tipo. Ao procurar pela turma do Caju, foi visto com desconfiança. “Acharam que eu era policial”, relembra. “Eu fugia desse cara, achei que ele estava nos investigando”, conta Amauri. Antes de o viés de humor ser definido, o programa quase tomou outros rumos. “O projeto era mais melancólico, um olhar sobre a várzea e sobre o futebol”, explica Juliana Algañaraz, da Endemol.
Sem intimidade com as câmeras, os jogadores demoraram a se adaptar com uma equipe de TV ao redor. “Eu tinha medo de foto 3×4, imagina na frente da câmera”, diz Paraíba. “Quando eles chegaram, achei que era balela. Começaram a gravar e a gente começou a gostar. No final, um estava querendo matar o outro, pois a gente se via todos os dias”, ri, Amauri.
Para se dedicar ao reality, os quatro pararam suas atividades. “Tive de fechar minha oficina. Acharam que eu tinha morrido. Depois, as pessoas não iam lá para fazer orçamento, só queriam saber o que eu estava gravando”, revela João Funeca.
O taxista Amauri deixou o carro parado. “Eu gravava de manhã até a noite. Quando o telefone tocava, passava as corridas para os meus amigos.”
Apesar da falta de recursos, o Caju não pretende expandir após a exposição na televisão. “O clube é tocado de uma forma diferente, é um grupo de amigos. A gente não tem intenção de ter patrocínio”, defende Bardega. Ainda sem segunda temporada definida, Várzea F.C. estará à venda nas feiras do mercado de TV na Europa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.