Jean Desireé Gustave Coubert (1819-1877) foi o apóstolo do Realismo na pintura. Para ele, natureza e pessoas eram de robustez e rusticidade criadora. Jamais aceitou preconceitos, fatos inconsistentes, inconsistentes ou sobrenaturais.
Autodidata, nunca ingressou em escolas de artes e assinava seus quadros como ?Coubert, pintor sem ideal e sem religião?.
De certa forma encarnou o clímax da arte burguesa do século XIX, filha da Revolução Francesa. Aliás, Coubert participou ativamente da Comuna de Paris, tendo sido preso e enviado ao exílio, onde faleceu.
Filho da província, corajoso, beberrão, viveu no meio do povo em íntimo contato com a natureza, de onde retirou os elementos essenciais de sua obra: luz e cor!
Admirado por Cézanne, Monet e Manet, ele procurou a beleza genuína nua e crua desobedecendo os cânones pictóricos da época. Pode-se dizer até que seu naturalismo atingia projeções filosóficas, com as cores beirando a madurez de seus campos de infância.
Coubert foi companheiro de Renoir, Sisley e Monet na famosa ?Brasserie Andrés de Paris?, onde se encontravam para beber e discutir teorias artísticas. E não abria mão de teses realistas. Seus quadros possuem uma estrutura densa, forte, onde predominam o amarelo da palha, o verde opaco das matas, o calor escuro dos céus de outono.
Revolucionário, coerente, recusou a Legião de Honra, dizendo que era apenas um moedor de tintas, um pedreiro das telas. E certa vez, vendo que um jovem que pintava um quadro de Carlos Magno, chutou a tela, rasgou-a, perguntando por que o principiante não retratava alguém conhecido, uma namorada ou uma irmã, em vez de pintar quem nunca conhecera!
Bom garfo, bom copo, amigo de Baudelaire, foi o primeiro a cobrar ingressos em exposições, dizendo que o dinheiro era para o ?enterro do Romantismo?. No fim da vida, fazia esboços no verão. No inverno terminava os quadros no estúdio.
Deixou escrito numa tela: ?Coisas invisíveis não pertencem ao universo da pintura. Só o real?.
Foi o mestre da Arte Viva, ligado aos socialistas Fourier e Proudhon, dono de um colorido rico e sensual. Dinamitou com as próprias mãos a Coluna Vendôme, símbolo do Império Francês! Por isso foi preso, condenado e exilou-se na Suíça, onde morreu de cirrose aos 58 anos.