Quem vai a um show de Roberto Carlos não espera muitas novidades. Mas as mais de oito mil pessoas que foram à reabertura da Pedreira Paulo Leminski não se decepcionaram com a apresentação do Rei, que desfilou seus principais sucessos na estrelada noite de sábado em Curitiba.

continua após a publicidade

Com um discurso ensaiado, Roberto saudou o público após cantar “Emoções”. “É muito bom estar aqui neste lindo Parque da Pedreira (sic), no aniversário de 321 anos de Curitiba. Puxa, encontrei alguém mais velho que eu”, brincou o cantor, que depois fez seu costumeiro anúncio de que pouco falaria e mais cantaria.

O público foi entrando aos poucos no espírito do show do Rei. Se as canções mais românticas, como “Detalhes”, foram acompanhadas com emoção e lágrimas, a agitada “Ilegal, Imoral ou Engorda” foi recebida com frieza. Mesmo não querendo falar muito, Roberto começou a ‘virada’ quando contou a história do cachorro Axaxá, personagem de “O Portão” – Axaxá é o “cachorro que sorriu latindo”.

A partir daí, os fãs acompanharam todas as canções. Choro e fé com “Nossa Senhora”, alguns se animando até a dançar com um pout-pourri de músicas da Jovem Guarda, “Outra Vez” e “Como É Grande o Meu Amor por Você” cantadas em voz alta e o frenesi coletivo com “Jesus Cristo” e o público se acotovelando para tentar ganhar uma rosa atirada por Roberto. Um ritual de quase dez minutos, em que nem ele se cansa nem o público deixa de tentar desesperadamente ser agraciado.

continua após a publicidade

Nada muito diferente das apresentações recentes de Roberto Carlos em Curitiba (a do teatro Positivo ou a no Centro Cívico), ou mesmo dos especiais da Rede Globo. Inclusive a roupa do Rei era a mesma do RC Especial do ano passado. Mas quem se importa? “Ele é espetacular. Meu plano é ver o show dele em Las Vegas”, disse o vereador Paulo Rink (PPS).

Saldo Positivo

continua após a publicidade

A revitalização da Pedreira Paulo Leminski foi cercada de expectativa não só pelo show de Roberto Carlos, mas também pela estrutura do local e pela organização do evento. Afinal, por longo tempo (quase seis anos) o espaço ficou fechado, e os moradores da região reclamavam do barulho das apresentações musicais e da confusão nas ruas que circundam o local. No show de sábado, o saldo foi positivo.

Quem foi ao São Lourenço percebeu que a melhor forma era seguir de ônibus ou táxi. O bloqueio na região começava na rua Mateus Leme, mais de um quilômetro distante da Pedreira. Os estacionamentos da região cobravam caro e ofereciam como “alento” micro-ônibus até o local do show. Quem se arriscou a deixar na rua chegou a pagar trinta reais para os flanelinhas.

Táxis e ônibus tinham acesso livre à região. O Pedreira Bus, que foi a novidade para o acesso ao local, foi a opção escolhida por mais de mil pessoas, funcionou bem na ida mas teve atraso na volta para quem pagou mais caro (vinte reais) para ir num ônibus executivo. Mas a prefeitura aprovou o esquema de tráfego. “Recebi o relatório e tivemos tranquilidade no acesso e na dispersão do público”, disse o prefeito Gustavo Fruet.

Logo na chegada ao local, oito manifestantes faziam um protesto pacífico contra a Friboi, uma das patrocinadoras de Roberto Carlos – o cantor se envolveu em uma grande polêmica ao protagonizar o comercial do frigorífico. “A gente aproveitou o evento para protestar contra o consumo de carne animal”, explicou o empresário Everson dos Santos. A Polícia Militar permitiu a realização da manifestação. “Não houve nenhum problema nem com eles, nem com reação de quem veio ao show”, afirmou o capitão Farias, comandante da operação da PM na Pedreira Paulo Leminski.

A polícia não teve trabalho em todo o período da apresentação (os portões foram abertos às 18h30, e houve movimentação até depois da 1h, quand,o acabou o coquetel para autoridades na Ópera de Arame). “Tudo foi previamente organizado. Impedimos a entrada de pessoas que queriam cometer vandalismo com o bloqueio mais distante, o que será normal em todos os eventos a partir de agora”, confirmou o capitão Farias.

Dentro da Pedreira, uma estrutura gigante deu tranquilidade ao público, que enfrentou poucas filas nas lanchonetes (apenas uma empresa contratada, mas com quatro quiosques, dois para lanches e dois para bebidas, além de carrinhos que também vendiam bebidas) e não teve dificuldade para ver ou ouvir Roberto Carlos. “Foi feito um grande investimento pela concessionária para que tivéssemos esse grande espaço para eventos nacionais. Houve um reforço interno, de estrutura, com câmeras de segurança. E foi instalado um sistema de última geração de iluminação, de som e de transmissão com telões de LED”, finalizou Gustavo Fruet.