A falta de visibilidade é um dos problemas que vêm afligindo os artistas brasileiros ao longo dos anos. Sem divulgação, apoio ou estrutura para sobreviver de sua produção, muitos deles buscam no exterior a valorização de sua arte. A história do trombonista Raul de Souza é um desses casos. Famoso nos Estados Unidos, ele é anônimo no Brasil. Com a intenção de homenageá-lo, sua história foi transformada em documentário e teve duas exibições na noite de ontem no Unibanco Arteplex do Shopping Crystal. Viva volta, da cineasta curitibana Heloisa Passos, estreou no Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2005 e até o presente foi premiado como o melhor documentário no 12.º Festival de Cine e Vídeo de Vitória e Melhor Documentário no 6.º Festival Luso-Brasileiro de Sergipe.
Rodado em 35mm e com duração de 15 minutos, Viva volta aborda o passado e a história atual de Raul de Souza. Com canções do artista, de Vinícius de Moraes, Adoniram Barbosa, Edu Lobo, Torquato Neto e Altamiro Carrilho, o curta lembra os momentos que construíram a trajetória do músico desde os tempos em Bangu (RJ). As dificuldades de se tornar músico e também um reencontro com Maria Bethânia fazem parte do filme. Já no início da carreira, Raul excursionou pelo mundo e tocou jazz com Jimmy Smith, Sonny Rollin, George Duke, Freddie Hubbard, Chick Corea, entre outros. Seu nome ganhou peso após o lançamento do disco Colours, lançado nos EUA, em 1974.
?Raul de Souza possui uma produção musical grandiosa mas não tem mercado no Brasil, dificuldade comum para muitos artistas. Ele é um grande músico, pena que teve que buscar espaço no exterior?, conta o artista plástico Lucílio Belluno. Em 2005, Belluno pintou um mural na Universidad Nacional Autónoma de México em homenagem a Raul de Souza. O afresco foi pintado sobre um superfície de 9 metros de largura por 2,3 metros de altura, com desenhos de Raul tocando trombone, trajado de calça branca e paletó azul. No pano de fundo, árvores e um lago servem de palco para o músico.
O ultimo álbum de Raul de Souza é Elixir (2004), gravado pela Blue Touch. Feito em parceria com o quarteto francês liderado por Claire Michael, Jean-Michel Vallet (piano, rhodes e programação), Thierry Le Gall (bateria) e Mishko M´Ba (baixo), o trabalho tem 12 faixas.
Raul em Curitiba
O trombonista morou em Curitiba de 1959 a 1964. Apesar de atualmente viver na França, a família de Raul, esposa e três filhos, moram na capital. Na Europa, ele é considerado um dos maiores trombonistas do mundo e participa de projetos musicais de jazz misturado com batidas eletrônicas do funk. Em Curitiba, ele já se apresentou com a banda Tocaia, de Glauco Söter, Endrigo Bettega e Jeff Sabag. Informações sobre o artista no site www.rauldesouza.free.fr.