A mineira Bete Coelho é uma paulistana fervorosa. E, exatamente por isso, sempre deu preferência às propostas para trabalhar na capital paulista. Na tevê, por exemplo, seis das 11 novelas que fez foram gravadas em São Paulo, cinco no SBT e uma na Band. A atriz nem pensa em mudar de cidade e diz que nunca se adaptou à rotina de ponte-aérea, que uma novela da Globo exige. Por isso, o convite para viver a poderosa e maléfica empresária Vitória Ascânio, de Cristal, do SBT, foi mais do que bem-vindo. "Moro em São Paulo e ficar perto da minha casa, da família, sempre pesa quando tenho de escolher meus trabalhos", reconhece a atriz.
P – Desde que estreou, Cristal não passa de 6 pontos de audiência. É problemático participar de uma trama de pouca repercussão?
R – Ninguém aqui no SBT vislumbra ter uma audiência tão grande quanto a de uma novela do horário nobre da Globo. É diferente. Mesmo assim, luto para que cada vez mais pessoas me vejam no ar aqui na emissora. Afinal, não fazemos tevê para não sermos vistos. Ao contrário: queremos ver o retorno do trabalho e ter uma boa repercussão também.
P – E você ainda acredita que a novela possa ganhar audiência?
R – É claro. Acreditamos no nosso potencial. A própria nova direção de teledramaturgia do SBT dá uma "injeção" de ânimo. Faz com que todos entrem com tudo no projeto, se empenhem. Estamos trabalhando firme para consolidar o núcleo de novelas da emissora. O resultado aparecerá com o tempo.
P – Cristal estava com alguns capítulos já gravados quando Herval Rossano assumiu a direção da novela e resolveu fazer alguns ajustes, remanejou atores e refez várias cenas. Como isso afetou o trabalho?
R – A vinda do Herval foi determinante para um bom trabalho e ele ganhou carta branca na emissora para mexer no que achava necessário. Sem dúvida alguma, foi o responsável por uma melhora do núcleo de novelas do SBT como um todo. Foi uma clara demonstração de que a "casa" pensa em entrar para valer no mercado. Percebo que todos os profissionais envolvidos com Cristal estão torcendo para que a novela e a emissora continuem nesse caminho, o que é estimulante para quem faz e quem ganha é o público. Além disso, estamos empenhados no projeto, inclusive para que o Sílvio Santos continue investindo. Aliás, desde a fase de pré-produção, tudo foi pensado. Tivemos um salto considerável. Os figurinos, a luz, câmaras digitais…
P – Esses investimentos, de certa forma, influenciaram na hora de aceitar o convite? Ou isso não contou muito?
R – Moro em São Paulo, o que facilita trabalhar e viver aqui. Na hora da escolha, estar perto da família pesa bastante. Mas também já tinha vivido experiências gratificantes no SBT, onde tenho muitos amigos. Ter participado de Éramos seis foi fantástico, marcou um ótimo período da teledramaturgia na emissora. Além disso, o perfil da personagem Vitória é sensacional, me dá uma oportunidade de abrir um leque maior na hora de interpretar, o que me instiga bastante.
P – E o que a Vitória tem de especial em relação às outras personagens que você interpretou?
R – A Vitória é estimulante, pois não é má por ser má. Tem estofo, um passado, uma referência e não é uma personagem solta na trama. Ela tem o trabalho dela, é uma mulher carente, que se sente culpada pelos erros cometidos, como ter abandonado a filha pequena. Gosto dos papéis que me dêem várias possibilidades emotivas, como a que estou tendo agora com a novela. Mas todas as personagens que faço são especiais. Dificilmente faria um papel que não gostasse. Em A lua me disse, por exemplo, foi uma delícia fazer a Marisinha. Nunca tinha vivido essa experiência de trabalhar com o humor. Além disso, ela tinha alguns elementos bem teatrais, tornando o trabalho mais interessante.
Cristal, SBT, 19h15, segunda a sábado.