Análise

Quarta temporada de Game of Thrones mantém a qualidade

Antes de ler esse texto sobre a quarta temporada de Game of Thrones, série do canal pago HBO, deixo um aviso. O que o leitor irá encontrar aqui é spoiler. Muito spoiler. Portanto, só continue aqui caso já tenha acompanhado todos os episódios ou se realmente não liga de alguém contando uma série de acontecimentos sobre algo que você gosta.

Continuou aqui? Então beleza. Não quero ouvir/ler reclamações posteriores. O que chamou a atenção desta atual temporada foi a série de acontecimentos, principalmente mortes. Aliás, muitas mortes. George R. R. Martin, o autor da série de livros Crônicas de Gelo e Fogo, não tem o menor pudor de matar tanto personagens antipáticos quanto os simpáticos. Aliás, nem mesmo aqueles que assumem o papel de protagonistas, como Eddard “Ned” Stark, se salvam, uma vez que ele morto logo na primeira temporada.

Logo de cara, temos, possivelmente, a morte mais celebrada da série. Sim, Joffrey Baratheon, o rei dos Sete Reinos, o capeta em forma de guri, finalmente bateu as botas, para alegria de muitos e tristeza de quase ninguém (ok, sua mãe, Cersei Lannister, sentiu a morte do pestinha).

Celebrações à parte, a cena em que Joffrey é envenenado é forte. Méritos ao ator irlandês Jack Gleeson, que soube transmitir toda a agonia do personagem em sentir a vida se esvair. Antes disso, Gleeson, ao lado de Peter Dinklage, o Tyrion Lannister, tio de Joffrey, nos brindaram com outra grande cena, em que os dois têm uma áspera discussão.

Reprodução
O duelo entre “A Montanha que Anda” contra o “Víbora Vermelha”.

Porém, se essa morte foi celebrada, o mesmo não pode ser dito sobre o príncipe Oberyn Martell (vivido pelo ator chileno Pedro Pascal), também conhecido como Víbora Vermelha. Adicionado nesta quarta temporada, o personagem despertou a simpatia dos fãs, principalmente por representar Tyrion Lannister em um julgamento por combate. Querendo se vingar de Gregor “A Montanha que Anda” Clegane (o gigante islândes Hafþór Júlíus Björnsson) os dois protagonizam uma luta eletrizante, culminando com uma das mortes mais chocantes de Westeros, gerando uma grande repercussão nas redes sociais.

Polêmicas

Game of Thrones sempre chocou os mais, hum, sensíveis. Não é para menos, pois a série fala, sem qualquer tipo de pudor, sobre a relação incestuosa entre os gêmeos Jaime Lannister e Cersei Lannister, entre outras coisas chocantes. Contudo, a produção resolveu elevar esse choque a um novo patamar. Embora isso não ocorra no livro, a cena em que Jaime estupra a irmã ao lado do corpo de Joffrey foi forçada demais. Muitos acharam a cena gratuita demais, enquanto outros concluíram que ela foi desnecessária.

Também foi pesada a cena em que o poderoso Tywin Lannister morre no banheiro, na season finale da série. Nem tanto pelo local, mas principalmente porque o senhor do Rochedo Casterly foi assassinado pelo seu filho Tyrion, em outra cena pontuada pela tensão. Pouco antes, o anão já havia matado Shae, a prostituta por quem se apaixonara e fora traído. De certo modo, a cena mostra o lado escuro de um dos personagens mais queridos pelos fãs.

Ponto alto da série

Peter Dinklage não se tornou o principal nome da série por um acaso. Pequeno no tamanho, mas gigante no talento, o ator consegue fazer com que Tyrion Lannister continue a ser um dos personagens mais queridos da série. Ele já havia obtido uma ótima performance na cena em que culmina na morte de Joffrey. Ele divertiu a todos no diálogo em sua cela, ao lado de Jaime (impossível não rir quando ele imita um primo com problemas mentais com a frase ‘smash the beetle’ – esmague o besouro em português).

Mas é durante o julgamento que Dinklage demonstra todo o seu talento., Ciente da farsa e da traição da pessoa que amava, o anão faz uma explanação brilhante, que culmina na frase “Eu exijo um julgamento por combate”. Não preciso falar muito. Apenas assistam ao vídeo abaixo.

Ponto baixo

Dos dez episódios exibidos, acredito que apenas dois deixaram a desejar. Porém, o que anda devendo um pouco é a trama com Daenerys Targaryen. Embora se trate de uma personagem interessante e forte, pouco tem se acrescentando a sua história. Com exceção do confronto com o ex-aliado Jorah Mormont e de se ver obrigada a prender os dragões, pouca coisa chamou a atenção da Khaleesi.

Conclusão

Ainda que fique abaixo do ano um da série, o quarto ano de Game of Thrones mostrou-se, na minha opinião, mais dinâmico que o terceiro e ligeiramente melhor que a segunda temporada. Aparando algumas arestas, acredito que o vindouro quinto ano da saga tem tudo para ser empolgante. Desde que mantenha a objetividade.

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