Pura malícia

O rosto de boneca e o sorriso solto de Juliana Didone sempre emolduraram personagens doces na tevê. Mas, ultimamente, têm sido usados para dar vida à fingida Fernanda, em Paraíso tropical. A sonsa personagem chegou no meio da trama das oito de Gilberto Braga com a missão de separar o casal Fred e Camila, de Paulo Vilhena e Patrícia Werneck. Juliana admite que pensou duas vezes antes de aceitar o papel. Mas a sede por novas experiências falou mais alto. ?Quando recebi o convite, tinha acabado de gravar O profeta e planejava férias. Fiquei apreensiva em entrar para atrapalhar um casal que passou a ser querido pelo público. Mas não dá para negar uma novela do Gilberto, né??, derrama-se a atriz, com cara de moleca.

Definitivamente a irmã de criação do engomadinho Fred não é um papel pelo qual o público costuma torcer. O que não ocorreu, segundo Juliana, quando ela interpretou a hippie Letícia, de Malhação, ou a ingênua Baby, de O profeta. Mas Juliana não se incomoda, e até prefere que seja assim. ?Estava rotulada por mocinhas. Foram bons papéis, mas a repercussão não é tão apaixonada quanto agora. Já me disseram um ?Eu te odeio? hoje. Mas a mesma pessoa, depois me deu os parabéns pela atuação?, orgulha-se. Fora isso, as vilanias armadas por Fernanda são vistas com outros olhos por sua intérprete. ?Ela pode ser cínica, mas tudo o que faz é para conquistar o Fred, que ela ama de verdade. Defendo a Fernanda, mesmo?, assume.

Mais uma característica na ?patricinha? paulistana atraiu Juliana, que é gaúcha de Porto Alegre: o fato de ser a primeira oportunidade de fazer uma personagem adulta em uma novela. ?Assim como eu, meus papéis também chegaram à maioridade. Se bem que, no caso da Fernanda, ainda falta um pouco de maturidade. Na verdade, nunca fiz papéis maduros?, avalia.

Do período em que fazia Malhação, o auge de sua popularidade entre os adolescentes, ficaram os blogs, diários virtuais recheados de fotos de Juliana, criados pelos fãs de todo o Brasil. Mesmo já contando com certa estabilidade na carreira de modelo quando foi para o ?folheteen?, só nesta época conheceu o real significado da palavra tietagem. ?Às vezes alguém chegava e começava a conversar, como se eu fosse a melhor amiga. Ficava achando que conhecia a pessoa e só depois descobria que era um fã?, exclama, ressaltando que esse tipo de demonstração nunca foi invasivo. ?Depois de Malhação, o assédio diminuiu muito. Só restaram os fãs que têm interesse em acompanhar minha carreira, não apenas a fase da Letícia?, completa.

Na última semana de Paraíso tropical, Juliana não esconde que torce por um final feliz para o improvável casal formado por Fernanda e Fred. Nas conversas que teve com psicólogos para se preparar para o papel, ela jura que ouviu histórias semelhantes. ?Não é normal, mas é comum. Imagino que muitas meninas sofram pela mesma razão de Fernanda, que não pode amar seu príncipe encantado por causa de um tabu social?, sustenta.

Se o futuro da ?patricinha? ainda é incerto, Juliana já sabe muito bem com o que vai se ocupar em breve. Ela planeja levar à frente o projeto de produzir a peça Presença, cuja direção será de Daniel Hertz. No palco, vai contracenar com Laila Zaid, amiga dos tempos de Malhação, e outra atriz, ainda não escolhida. ?Vai ser ótimo estar do outro lado também. Depois desta primeira experiência, pretendo montar textos de Nelson Rodrigues?, planeja. Mas seu sonho mesmo é logo retornar à tevê. ?Agora, quero fazer muitas vilãs!?, avisa.

Buscando o aperfeiçoamento após o início como modelo

O amadurecimento de Juliana pode ser visto por suas idéias de futuro na carreira. Quando saiu de sua cidade natal – Porto Alegre – para trabalhar como modelo no Japão, aos 14 anos, sua intenção era juntar dinheiro para pagar cursos de interpretação. Na volta, sete meses depois, nem passou em casa. Foi direto morar em São Paulo, onde começou a fazer uma série de comerciais, que ela via como uma forma de atuação. A estréia em novelas foi em 2002, coincidentemente como a modelo Tati, em Desejos de mulher. Depois dela, fez vários testes, participando de alguns capítulos em Mulheres apaixonadas. Mas a nova carreira engrenou de vez com Letícia, a protagonista da fase áurea de Malhação, em 2004. ?Não passei no teste da temporada de 2003, mas acabou sendo uma grande sorte?, considera, levando em conta que foi uma fase de ótima audiência da ?novelinha?.

Hoje, ela se diz ?séria demais? na profissão. O motivo é que a jovem pensa a longo prazo. ?Sei que ainda tenho muitos passos a dar e quero encurtar esta jornada. Sendo dedicada, já é difícil. Se não fosse, então, seria mais ainda!?, valoriza.

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