Punk Afonso agora também em gibi

Refletir, entreter, divertir, educar e analisar a sociedade brasileira como um todo. É isso o que os aficionados por revistas em quadrinhos vão encontrar na revista Punk Afonso, criada pelo paulistano radicado em Curitiba Rodrigo Gusmão Belato.

Criado há 21 anos, o personagem de Belato, que possui versões em quadrinhos e desenho animado na internet, finalmente ganha sua roupagem em forma de gibi. O desenhista e cartunista comenta como tudo surgiu.

“O Punk Afonso surgiu no ano de 1987. Os primeiros traços e roteiros eram bem infantis e feitos nos meus cadernos da escola. A segunda fase da minha criação foi nos meus anos de faculdade, quando veiculava as histórias em fanzines. A última etapa dele veio a partir do ano 2000, quando já estava em Curitiba. Busquei resgatar o personagem, adaptá-lo à atual realidade e lancei no meu site www.porao2d.com.br. Desde então, muita gente cobrava de mim uma revista do Punk Afonso. Felizmente, pude lançar esse ano, de forma totalmente independente”, revela.

Apesar da conotação “punk” em seu nome, Belato garante que seu personagem é bem inofensivo e nada tem a ver com o punk Bob Cuspe, do cartunista Angeli. “O Afonso é um adolescente comum. Ele se vê como um punk, mas as outras pessoas enxergam nele apenas um jovem como outro qualquer. Então o “punk” é apenas um alter-ego do Afonso. As pessoas acham que me inspirei na criação do Angeli, mas você pode ver que eles são bem diferentes”, afirma.

Belato fala como são as histórias de Punk Afonso. “Os quadrinhos giram em torno do personagem. Ele mora com os avós maternos, pois seus pais são divorciados, no fictício país Aeiou. Procuro criar roteiros em que o leitor possa se identificar com ele e as situações vividas. Trabalho também questões educacionais, como o preconceito e meio ambiente, mas sem nunca deixar de lado o seu bom humor. A família também sempre está presente nas histórias. Por isso o gibi é mais adolescente e menos punk”, responde.

Mesmo com todo o advento da internet, o autor confia que apostar no formato de revista foi uma boa idéia. “Há alguns anos, foi muito comentado que os gibis iriam acabar, uma vez que é possível baixá-los pela internet. Porém, ocorreu justamente o contrário. Muitas crianças, jovens e adultos ainda consomem essa mídia. Isso fez com que grandes editoras prestassem mais atenção nesse segmento”, comenta.

O público-alvo do trabalho são os adolescentes, mas o autor diz que crianças e até adultos têm se interessado pelo personagem. “Fico surpreso com isso, pois meu gibi não é no estilo mangá (quadrinhos que fazem sucesso no Japão), tanto no traço como no roteiro. Gosto de trabalhar nesse formato de gibi, pois cresci lendo as revistas da Turma da Mônica. Talvez por isso que os adultos tenham se identificado com o meu trabalho”, indaga.

A idéia inicial é de deixar a revista com circulação mensal, mas tudo vai depender do custo. “O gasto com o gibi ficou em torno de R$ 5 mil. Ainda é complicado achar patrocinador. Se as leis para financiar esse tipo de trabalho fossem menos burocráticas, seria mais fácil. Por enquanto, tenho que vendê-lo, mas se futuramente encontrar um patrocínio que cubra todas as despesas, a revista será distribuída nas escolas e bibliotecas”, encerra.

As histórias de Punk Afonso, sucesso do mundo virtual, são criadas pelo cartunista Rodrigo Gusmão Belato. (Foto: Ciciro Back)

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