O grande auditório do Teatro Guaíra ficou lotado na noite deste domingo (8) para o concerto da Camerata Antiqua de Curitiba, que abriu oficialmente a 30ª edição da Oficina de Música de Curitiba. A Oficina terá cursos e espetáculos até 28 de janeiro.
“A partir de agora, durante 20 dias, a cidade será invadida por muita música, para todos os gostos e em vários espaços da cidade ao mesmo tempo. Até na Cinemateca teremos música”, disse a presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Roberta Storelli. “Foi preciso o trabalho de muita gente competente para chegarmos aqui, com três décadas ininterruptas de Oficina”.
Na noite de abertura, a Camerata foi regida pelo maestro português Osvaldo Ferreira, Ferreira, que também responde pela direção artística da fase de Música Erudita da Oficina.
No repertório do concerto estava a peça “Infinito Presente”, composta especialmente para a ocasião por André Mehmari, que se baseou em poemas de Helena Kolody, falecida em 2004. Um dos símbolos da autêntica cultura do Paraná, a poeta terá o centenário de nascimento comemorado em 2012.
“Este é um evento musical fantástico, eclético”, disse Mehmari. Ele já participou de várias edições da Oficina de Música de Curitiba. Desta vez, sentiu-se honrado por ter a responsabilidade de “musicar” parte da obra de Helena Kolody. “Este é o presente infinito que recebi: conhecer a obra de Helena Kolody e poder navegar livremente neste mar que se alarga diante de nossos sentidos”, afirmou, brincando com poemas de Helena.
O diretor artístico de Música Antiga da Oficina, Rodolfo Richter, explicou que o concerto de abertura foi apenas o primeiro de muitas apresentações de alto nível que Curitiba receberá nos próximos dias.
Violinista curitibano, que atualmente reside em Londres, Richter já foi aluno de edições anteriores da Oficina e agora retornou como diretor da fase de Música Antiga. “Temos aqui uma concentração de concertos e professores de alto nível e alunos de diversos paises que interagem”, definiu.
O concerto de abertura contou ainda com a premiada pianista brasileira Cristina Ortiz, atualmente radicada na Inglaterra, que retornou duas vezes ao palco, a pedidos de “bis” da entusiasmada plateia. O programa da noite se encerrou com “Acordes poéticos”, de Liduíno Pitombeira sobre textos de Júlia da Costa.
A 30ª edição da Oficina de Música de Curitiba tem direção geral de Janete Andrade. Estiveram presentes na cerimônia de abertura, entre outras autoridades, o secretário estadual da Cultura, Paulino Viapiana, e o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci.
Público
A socióloga Giovana Carla Bonamim e a professora Paola de Almeida Wicheral chegaram cedo à cerimônia de abertura da Oficina de Música. “Eu sempre acompanho a Oficina, mas esta é a primeira vez que venho assistir a abertura”, contou Giovana.
Nesta edição, as amigas pretendem assistir o maior número possível de concertos e apresentações. “Acho que a Oficina é uma faceta diferente da cultura de Curitiba. É muito importante valorizarmos esta oportunidade das pessoas se encontrarem e conhecerem mais música”, disse Giovana.
A família da corretora de imóveis Luisa Tomiko Sugi também estava animada com o início da Oficina. “Nós já participamos no ano passado e adoramos. Desta vez, pretendemos assistir ainda mais coisas da programação”, disse Luisa, que estava acompanhada pelo marido, pela mãe e pelos filhos.
30ª edição
As fases de Música Erudita e Antiga e Música Popular Brasileira, que também contempla os núcleos de Música Latino-americana e de Música e Tecnologia, transformam a Oficina de Música de Curitiba numa agenda repleta de atrações. Serão 90 concertos, realizados em diferentes espaços para espalhar a música por teatros, parques, praças e igrejas, permitindo que toda a população participe desta grande festa musical.
Também será desenvolvido o programa Cidadania Musical, pensando nas pessoas que não têm condições de frequentar locais habituais de concertos. Serão promovidas apresentações em asilos, penitenciárias e hospitais, numa iniciativa que privilegia a inclusão social.
“Em 2012, a Oficina de Música proporcionará uma festa de brilho intenso, fazendo com que a música seja fator de alegria e interação”, destacou Roberta Storelli, presidente da Fundação Cultural.
A expectativa pelo sucesso é compartilhada pela oboísta Janete Andrade, que responde pela direção geral do evento e está ligada à Oficina desde sua criação, quando ainda frequentava os cursos como aluna: “A programação preparada para comemorar a conquista de três décadas voltadas à formação e divulgação musical promete ser um presente para os curitibanos e a todos os participantes desse evento marcante”.
Histórico
A Oficina de Música, que teve início em 1983, reunindo 200 alunos em oito cursos oferecidos no Solar do Barão, delineou um histórico de sucesso, que pode ser comprovado por músicos que passaram por seus cursos como alunos e depois tornaram-se profissionais de destaque, integrando orquestras e instituições de ensino espalhadas pelo mundo.
Entre eles figuram nomes como Alexandre Klein, que já ocupou o cargo de primeiro oboísta da Chicago Symphony Orchestra e atualmente responde pela direção artística dos Festivais de Música de Jaraguá e Uberlândia; Cristiano Alves e Carlos Prazeres, respectivamente primeiro clarinete e primeiro oboísta da Petrobras Sinfônica; Carlos Moreno, que comandou a Orquestra Sinfônica da USP e hoje rege a Orquestra Sinfônica de Santo André; e Nelson Kunze, editor da Revista Concerto.
Outro exemplo é o violinista curitibano Rodolfo Richter, que irá responder pela direção do Núcleo de Música Antiga da 30ª Oficina de Música de Curitiba. Aluno das primeiras Oficinas, Richter partiu para uma carreira internacional e vive há 14 anos em Londres, onde é professor da conceituada Royal College of Music. Solista e líder de diversas orquestras, tem se apresentado nas principais salas de concerto da Europa e Estados Unidos, além de gravar discos na sua especialidade, a música barroca.
Atrações
A primeira fase da Oficina de Música de Curitiba, que tem como foco a música erudita, colocará em cartaz espetáculos com festejados instrumentistas, entre eles os violinistas David Lefevre (Canadá) e Nicolas Koeckert (Alemanha), o violoncelista Tomasz Zieba (Polônia), o trombonista Scott Hartmann (Estados Unidos), o flautista Carlo Jans (Luxemburgo) e o oboísta brasileiro radicado na Suíça, Isaac Duarte.
No núcleo de Música Antiga, destaque para o cravista e organista Lorenzo Ghielmi (Itália), a violoncelista Phoebe Carrai (Estados Unidos), o tenor Rodrigo dal Pozzo (Chile) e a flautista inglesa Rachel Brown.
Na segunda parte do evento, sob o domínio da música popular brasileira, shows com a cantora Ná Ozzeti, o pianista Gilson Peranzzetta, o guitarrista Victor Biglione, a percussionista Simone Soul e o clarinetista Gabriele Mirabassi (Itália).
Do Núcleo Latino-americano, apresentações do panamenho Edwin Vasques e do cubano Julio Barreto, enquando o Núcleo de Música e Tecnologia promove espetáculos do alemão Christian Lohr e do brasileiro André Abujamra, entre muitas outras atrações.
A programação da Oficina de Música ainda oferece concertos da Camerata Antiqua de Curitiba, Orquestra Sinfônica do Paraná e Fry Street Quartet (EUA), além de recitais de música de câmara – com performances dos professores de música antiga – e apresentações do organista italiano Lorenzo Ghielmi.
Para os amantes do canto lírico, a oportunidade de conferir a produção da ópera “A Flauta Mágica”, de Wolfgang Amadeus Mozart, a cargo do Núcleo de Ópera Studio.
A música também invade a tela da Cinemateca de Curitiba, que exibirá uma programação especial sobre o tema até o dia 28, com mais de 100 sessões gratuitas.
