Publicações indepedentes são tema de projeto

As publicações independentes e sua contribuição para a literatura, poesia e cultura são o tema da edição de outubro do projeto Encontrosnecessários, promovido pelo ACT ? Ateliê de Criação Teatral. O tema será discutido por três empreendedores e criadores de destaque no setor: Fábio Campana (jornalista, escritor e editor), Ricardo Corona (poeta e editor) e carioca Carlito Azevedo (poeta e editor).
 
O debate será mediado pelo professor de Literatura da Universidade Federal do Paraná Marcelo Sandmann. O evento terá ainda o lançamento das novas edições das revistas Oroboro nº 5 (de Corona – Editora Medusa), e Inimigo Rumor nº 17 (de Azevedo – 7 Letras / Cosac Naify).
 
Campana é criador da editora Travessa dos Editores, um dos exemplos de maior atividade do mercado editorial paranaense. Além de livros, também pública a revista cultural e literária Et Cétera. Corona, por sua vez, criou a revista de poesia e arte Oroboro, em parceria com Eliana Borges. Além destes dois exemplos paranaenses, o debate trará o poeta Carlito Azevedo. Com um currículo que conta com o prêmio Jabuti de poesia, também edita uma revista literária, a Ficções, voltada à divulgação de contos, e é articulista de literatura.
 
Para estes "fazedores" de revistas e publicações, a independência do grande mercado editorial brasileiro é uma questão de sobrevivência, mas também exerce o fundamental papel de dar vazão às novas idéias.
 
Ricardo Corona destaca esta busca. "As revistas independentes, por exemplo, contribuem muito para contar uma parte da história da literatura que fica esquecida pelas grandes editoras e imprensa. Falamos sobre tudo o que fica por trás, por baixo ou à margem daquilo que a grande mídia aborda", conta. "Publicações como as nossas não se enquadram no formato de resenhas consagrado pelos veículos mais tradicionais".
 
Para ele, ainda falta no Brasil mais atenção por parte do público e da mídia para as revistas independentes. "Nos Estados Unidos, por exemplo, a crítica sabe que muito da nova poesia está nas revistas alternativas ao mercado".
 
Corona também vai pontuar sua participação com uma análise dos segundos cadernos dos jornais, desde seu contexto histórico até sua função como reflexão cultural.
 
O poeta e editor acredita que o momento não poderia ser mais propício para discutir a função e as atividades das publicações independentes. "Vivemos um momento fecundo por parte da produção literária e das revistas que enfocam esta movimentação. Apenas no Paraná, temos quatro exemplos de jornais e revistas deste segmento: Rascunho, Et Cetera, Oroboro e Coiote. No Brasil, são mais dúzias delas", diz. "Ou seja, a bola está com a gente. Temos todo um contexto que favorece uma movimentação para a poesia e novas publicações que falam sobre esta produção".
 
Carlito Azevedo, por sua vez, também acredita na vitalidade do segmento, apesar de questionar o termo "independente". "Acho que não dá mais para usar termos como "independente" da mesma maneira que se fazia nos anos 70. Quem é mais "independente": a Companhia das Letras, que tem muita grana e só depende de suas próprias forças, ou a pequena editora de um sujeito mais ou menos idealista que não tem lá grandes recursos e passa a "depender" de tudo?", diz. "O que comumente chamamos de "produção independente" é a mais dependente, frágil, insegura e periclitante… Vive na corda bamba…"
 
De qualquer modo, ele não tem dúvidas quanto à contribuição deste tipo de publicação. "Essa produção veiculada em livros e revistas mais "autorais" – onde o autor interfere muito mais – tem sido fundamental na nossa cultura desde pelo menos 1922, quando os então "jovens anarquistas" (hoje, nossos clássicos) Oswald de Andrade, Drummond, Mário de Andrade, Manuel Bandeira e tantos outros, veiculavam a arte mais interessante do momento em livros bancados por eles, em revistas bancadas por eles, como a Revista de Antropofagia, a Revista Klaxon".
 
"O que penso é que quase toda arte (admito exceções) que chega de forma genuinamente nova vai ter dificuldade em ser assimilada pelo modelo reinante… Sua função é a de expandir a sensibilidade das pessoas… e só será incorporada ao "mercado" quando essa sensibilidade estiver expandida, é uma criação artística cujo primeiro esforço é criar seu próprio público… e uma vez que tenha criado esse público, o mercado acaba por incorporar também esses artistas…", prossegue Azevedo."O que fazer ao ser incorporado ao mercado é que são elas… Virar mercadoria?"
 
Serviço
Encontrosnecessários
Public(ações)
Fabio Campana / Ricardo Corona / Carlito Azevedo
Mediação: Marcelo Sandmann (poeta, compositor e professor de Literatura Portuguesa da UFPR)
01 de outubro Às 16h
ENTRADA FRANCA

ACT – Ateliê de Criação Teatral
Rua Paulo Graeser Sobrinho, 305
Informações: (41) 3338-0450
www.act.art.br

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