Protestos inspiram mostra no MAM

Quais temas as manifestações públicas de junho de 2013 poderiam inspirar para se criar uma mostra? No caso de 140 Caracteres, exposição que o Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo preparou com esse mote, o papel da comunicação por intermédio das redes sociais (em sua face mais “sintética”, pelo Twitter), e ainda questões como a paisagem urbana, a fragmentação do indivíduo, as máscaras e a identidade coletiva. A mostra, a ser inaugurada nesta terça-feira, 28, para convidados e na quarta-feira, 29, para o público, tem duas características – é feita apenas com peças do acervo do MAM, 140 trabalhos selecionados, e parte de uma proposta diferente, de um curso de curadoria ministrado no ano passado na instituição.

“Cada aluno fez uma lista de obras e teve votação aberta de todas as peças”, conta Felipe Chaimovich, curador do MAM, que, no caso dessa experiência, foi professor dos 20 curadores inscritos e coordenador do projeto. “Teve lobby, teve briga, mas fechamos tudo em setembro.” As inscrições para o workshop, que ocorreu ao longo de 2013, “se esgotaram em quatro horas”, tamanha a “curiosidade” que se pode identificar hoje, afirma Chaimovich, pelo trabalho de curadoria. As manifestações de 2013 se impuseram, naturalmente, nas discussões do grupo de alunos; a comunicação pelas redes sociais – e o curso de curadoria – indicaram ainda como tema e característica “uma nova forma de mobilização”.

Pela seleção das obras de 140 Caracteres, pode-se dizer, afinal, que a instituição tem um acervo político? “É uma coleção política, sim, e urbana, vendo um arco de tempo de 40 anos”, afirma Felipe Chaimovich. O MAM, que se propõe a dedicar sua primeira mostra do calendário do ano a olhares para o seu acervo, vem se repensando? Pelo cronograma do museu para 2014, vê-se a realização de mais duas exposições focadas em sua coleção – entre abril e junho, uma de fotografia, com curadoria de Eder Chiodetto; e entre julho e agosto, outra que terá obras selecionadas por Felipe Scovino.

Pluralidade

Ao percorrer a exposição 140 Caracteres, o visitante não encontrará uma narrativa, como diz Felipe Chaimovich, mas uma “pluralidade de vozes”. De alguma maneira, é uma mostra solta.

Na Grande Sala, com entrada para o lado do museu que dá de frente para o prédio da Bienal de São Paulo, uma das primeiras peças em exibição é Procuro-Me (2002), lambe-lambe performático de Lenora de Barros. “Essa obra tem a cara do MAM”, analisa Chaimovich. A artista é uma das mais representadas na mostra, como ainda Nazareth Pacheco, Marcia Xavier, Leonilson, Rosângela Rennó, Marcelo Cidade e Antônio Henrique Amaral, por exemplo. Há obras de mídias diversas e vale ainda chamar a atenção para a parede da Sala Paulo Figueiredo, em que os curadores colocaram trabalhos históricos e contemporâneos todos juntos.

Política e comunicação ocupam também o MAM no Projeto Parede da instituição, que recebe agora lambe-lambes de duas séries clássicas da artista norte-americana Jenny Holzer, Truism (1977/79) e Inflammatory Essays (1979/82). O corredor que liga as duas salas expositivas do museu estampa frases como “Você precisa saber onde você acaba e o mundo começa”. “Foi uma coincidência, ela quis fazer essa obra no MAM”, conta Chaimovich. Estrela da arte contemporânea, foi a própria artista que selecionou o trabalho que queria mostrar em São Paulo. Sua galeria de Paris, a Yvon Lambert, ofereceu ao MAM a proposta de apresentar um de seus artistas. O Projeto Parede de Jenny Holzer, que custou “apenas” R$ 12 mil, ficará em cartaz por um semestre (e a próxima obra de 2014 para o programa da instituição será realizada por Carmela Gross). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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