Hoje, Amilcar de Castro (1920- 2002) completaria 90 anos. Provavelmente passaria parte do dia em seu ateliê, no município de Nova Lima, a meia hora de carro de sua casa, em Belo Horizonte – hoje transformada no Instituto Amilcar de Castro, que cuida de seu legado artístico. Até o fim da vida, o homem que dobrava e cortava ferro como se fosse uma folha de papel se dedicava ao ofício de escultor. “Não há mistério numa chapa de ferro”, gostava de dizer.

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Uma série de homenagens decorre da efeméride. No Sul de Minas Gerais, a pequena Paraisópolis, sua cidade natal, dá início hoje à 2.ª Semana Amilcar de Castro. Até sábado, os moradores se mobilizam em exposições e saraus. O artista da terra inspira os alunos das escolas municipais e estaduais a criarem o que quiserem. No ano passado, a iniciativa contou com a presença dos filhos de Amilcar, que se emocionaram com o que viram.

Os três, Rodrigo, Ana Maria e Pedro (hoje presidente do instituto), tocam projetos relacionados à obra do pai. Com a colaboração dos poetas Ferreira Gullar, amigo de Amilcar desde os anos 60, quando ambos estiveram à frente do Movimento Neoconcretista, e Augusto Sérgio Bastos, Ana está organizando um livro com suas poesias. Ele deixou cadernos manuscritos e datilografados com escritos produzidos ao longo da vida toda.

Outra publicação está a cargo do crítico José Francisco Alves. Há dois anos ele tem pronto “Obra Pública de Amilcar de Castro”, mas ainda precisa encontrar um patrocinador. O livro, com textos em português e em inglês, reúne fotografias de dezenas de esculturas de Amilcar presentes em ruas e praças do Brasil e do mundo (Alemanha, Inglaterra, Venezuela, Japão).

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A maior concentração é na sua Minas Gerais. A segunda cidade brasileira com maior presença de suas esculturas é São Paulo, com destaque para a de dez metros de altura na Avenida Paulista e a da Praça da Sé. Em Minas, a mais significativa talvez seja a que fica na entrada da Assembleia Legislativa do Estado, de seis metros de diâmetro com um triângulo vazado no centro. Rodrigo, o filho mais velho, que está coordenando a segunda edição de um livro retrospectivo de toda a sua produção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.