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Projeto prevê residência artística, oficinas, mostras e revista de quadrinhos

A Casa do Sol, onde Hilda Hilst (1930-2004) viveu, em Campinas, terá uma nova função a partir do dia 10, além daquela de preservar a memória da escritora e receber visitantes interessados em conhecer seu universo. Pelo menos por um tempo.

Ali, até o dia 23, 10 artistas brasileiros e estrangeiros vão se reunir com o objetivo de conceber e produzir a revista Baiacu. Baiacu é, também, o nome do projeto idealizado pelos cartunistas Laerte e Angeli que não ficará restrito apenas à casa em Campinas. Durante o período da residência, uma série de atividades será realizada na Sesc Ipiranga, em São Paulo, com a presença dos artistas convidados. A abertura será no dia 11, às 20h, com transmissão ao vivo pelo Facebook da instituição, quando Angeli, Laerte, Rafael Coutinho e André Conti explicam a genealogia do projeto.

“Por mais de quatro anos, cozinhamos a ideia de fazer uma revista de quadrinhos”, conta Laerte, um dos ícones da ‘era de ouro’ da HQ brasileira, ao jornal “O Estado de S. Paulo”. “O ciclo de quadrinhos dos anos 1980 e 1990, na forma de revistas de banca, não há de se repetir – mas sentíamos que era possível a busca de uma expressão atual dessa linguagem”, completa.

Por isso, os idealizadores convidaram artistas e quadrinistas da nova geração para esta criação coletiva que será a revista – a previsão de publicação é novembro, pela Todavia, mas, ao contrário das publicações originais, ela será em formato luxo.

Os convidados são Eloar Guazzelli, Fabio Zimbres, Pedro Franz, Juliana Russo, Rafael Sica, Mariana Paraizo, Gabriel Góes, Laura Lannes, Power Paola (Colômbia) e Ilan Manouachse (Grécia). Além deles, participam da publicação os escritores Bruna Beber, André Sant’Anna e Daniel Galera.

“São todas pessoas que conhecemos, cujo trabalho admiramos. Com elas, temos muito em comum, que se pode resumir no desejo de criação de um trabalho crítico”, completa.

“Não sabemos o que pode sair dessa experiência, e isso é o que é instigante”, conta Angeli. Ele explica que a escolha da Casa do Sol não foi à toa. “Por ter sido o lugar onde a Hilda viveu, ela traz também um conteúdo embutido: a radicalidade e acidez que ela imprimia em seu trabalho. E, por ser um projeto totalmente inédito, tudo conta.”

O momento atual brasileiro, claro, deve aparecer nas criações – mas não só. “O trabalho de Laerte e, principalmente, o meu estiveram sempre relacionados à política, mas a nossa intenção é ter uma publicação mais aberta e não tão pontual. A Baiacu tem um caráter de inovação, experimentação e uma busca por novos olhares. É a indefinição que dará o tom da experiência”, diz Angeli.

As inscrições para a programação no Sesc, gratuita, começam nesta terça-feira, 4, para associados, e no dia 7, para os demais interessados. A agenda é vasta e se espalha por toda a unidade, com exposições, cursos, oficinas, bate-papos e uma ocupação visual.

Vânia Medeiros ministra o curso Quadrinhos e Cinema: Filmes de Viagem Como Inspiração para Novelas Gráficas. E DW Ribatski, outro sobre histórias em quadrinhos autorais.

Guazzelli, Zimbres, Pedro Frans, Juliana Russo, Rafale Sica, Mariana Paraizo, Gabriel Góes e Laura Lannes se revezam nas oficinas Processos Narrativos, Processos Criativos e Construção Narrativa nos Primeiros Passos e Desenvolvimento de Projeto e Conclusão: Novas Formas de Publicação e Quadrinhos.

A colombiana Power Paola ministra a oficina Experimentação e Desenho Livre. O grego Ilan Manauach dá o mesmo curso. Os dois se encontram em outro momento, quando falam sobre a produção internacional de quadrinhos. A HQ para crianças também será discutida.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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