Espaço pra todos

Projeto estimula a dança em comunidades carentes do Rio

Para quem ainda duvida que a dança de rua pode gerar bons bailarinos, em condições de se  tornar profissionais no futuro próximo, o projeto Entrando na Dança está aí para provar que sim.

Em sua quarta edição, que se estende até o dia 26, 30 bailarinos de comunidades carentes da cidade do Rio de Janeiro foram selecionados para trabalhar ao lado dos coreógrafos Sonia Destri Lie, da Companhia Urbana de Dança; Renato Cruz, da Companhia Híbrida; e Alice Ripoll, da Companhia REC.

O Entrando na Dança objetiva valorizar a dança que se pratica na periferia do Rio de Janeiro. Dos 30 jovens escolhidos, dez trabalharam com cada coreógrafo. Os bailarinos selecionados puderam dar sua contribuição às três criações coletivas que serão  mostradas ao público da zona norte.

Um deles, Eric Bordallo, de 18 anos, se destacou tanto durante os ensaios efetuados após a seleção, em junho, que será levado para a Companhia Urbana de Dança, como estagiário.

As apresentações, com preços populares a R$ 2, serão feitas nas arenas Fernando Torres, em Madureira; Dicró, na Penha; e Jovelina Pérola Negra, na Pavuna. Todos os espetáculos circularão nas três arenas cariocas.

“Todos são muito interessados, são lindos, dedicados, mas ainda estão no estágio do amor, do amadorismo”, ressaltou Sonia, para a Agência Brasil. Para ela, que participa do projeto pela segunda vez, o Entrando na Dança faz um trabalho de inclusão e de ensinamento, em uma via de mão dupla.

A coreografia desenvolvida em conjunto por Sonia  e pelos jovens das comunidades, batizada “Gueto (Qual o Ônibus que Pego Depois da Rodoviária)”,  foi inspirada no Baile Charme de Madureira, que ocorre  todos os sábados no viaduto do bairro.

Samir da Silva Santos já integra uma companhia de dança de jovens de periferia, em Realengo, há dez anos. Ele disse à Agência Brasil que foi gratificante ser selecionado para participar do projeto ao lado do coreógrafo Renato Cruz.

“A gente se sente valorizado ao lado de um coreógrafo que está em ascendência no Rio de Janeiro. Fiquei muito feliz”. A coreografia “Sob Rodas”, que o grupo vai apresentar dentro do projeto procura responder, por meio do hip-hop – a cultura de rua que envolve o grafite, a breakdance e o ritmo rap -,  a várias indagações feitas por Cruz, explicou Samir.

Já o “passinho”, tipo de dança que nasceu nas comunidades cariocas e é considerado um fenômeno do gênero musical funk, serviu de inspiração para o balé “Suave”, que o grupo sob a coordenação da coreógrafa Alice Ripoll apresentará na Arena Carioca Dicró. Os movimentos misturam estilos diferentes como o frevo, o kuduro (um ritmo angolano) e o samba, informou a assessoria de imprensa do projeto.

A diretora geral Nayse López disse à Agência Brasil que o Entrando na Dança é o segundo projeto da Associação Cultural Panorama, criadora do Festival Panorama, festival de artes cênicas que ocorre no Rio há 26 anos, nos meses de outubro e novembro.

O Entrando na Dança foi iniciado em 2008 com o intuito de levar uma programação mais regular de dança para as zonas norte e oeste da cidade. “A gente fez três edições. Paramos para rever o projeto que teve um público de cerca de 6 mil pessoas”.

Nayse López informou que este ano começa uma nova versão do projeto, em que são convidados moradores das comunidades, que são bailarinos de fins de semana, de bailes da zona norte, para fazerem parte de uma criação com um coreógrafo contemporâneo.

Ela acredita que a iniciativa poderá incentivar esses jovens a se profissionalizarem, no futuro. “Eles estão tendo a experiência de uma criação contemporânea, profissional, e a ideia é que aqueles que têm desejo possam continuar estudando e seguir uma carreira”.

O espetáculo de estreia do projeto, nessa nova fase, é  “Suave”, baseado no estilo passinho. Com duração de 50 minutos, a dança terá como palco, neste sábado (06), a  partir das 19h, a Arena Carioca Dicró, localizada no Parque Ary Barroso, s,em número, na Penha.

Também hoje, às 20h, estreia “Sob Rodas”, de hip-hop , com duração de 40 minutos, na  Arena Carioca Jovelina Pérola Negra, na Praça Ênio, sem número, na Pavuna. Em ambos os locais, a capacidade são 308 pessoas.

No dia 12, estreia  “Gueto (Qual o Ônibus que Pego Depois da Rodoviária)”, inspirado no Baile Charme,  na Arena Carioca Fernando Torres, na Rua Soares Caldeira, 115, no Parque Madureira, com capacidade para 408 lugares.  Os horários programados são 15h e 20h. A agenda completa pode ser consultada no site do projeto.

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