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Projeta Brasil chega à 20ª edição com dois dias

São os 20 anos do Projeta Brasil, que a rede Cinemark criou para promover o cinema brasileiro. Só que, este ano, e justamente por se tratar de uma data redonda, serão dois dias de homenagem. Nesta terça, 12, teremos em toda a rede, em todo o Brasil – menos nas salas Prime e no Village Mall, no Rio -, um dia inteiro de produções nacionais ao preço camarada de R$ 4. No sábado, será a vez da novidade: o Projeta Brasil Nova Geração vai apresentar uma programação infantil toda brasileira, visando à formação de novas plateias.

No total, o público poderá escolher no dia de hoje entre 46 títulos – entre as produções do ano que já chegaram ao circuito. Pense em um filme de prestígio, como Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles; em obras de um perfil mais popular, como Cine Holliúdy 2 – A Chibata Sideral, de Halder Gomes; pense nas cinebiografias (Hebe, Simonal). Pense em mais 40 títulos – estarão todos em cartaz, pertinho de você. E o Projeta Brasil acrescenta mais cinco títulos clássicos para fechar uma lista de 50 – Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, de Carla Camurati, que se tornou o filme símbolo da chamada Retomada e recolocou o cinema brasileiro no mapa, após a crise terrível no começo dos anos 1990; Minha Mãe É Uma Peça (1), Se Eu Fosse Você (1), Nosso Lar e Divã. No sábado, 16, pela manhã, os filmes da programação infantil serão – Turma da Mônica – Laços; Detetives do Prédio Azul – O Mistério Italiano e Cinderela Pop.

Face a tantos filmes, e sucessos, cabe um momento de reflexão, porque o que tem estado em discussão no País, ao longo do ano, tem sido as restrições orçamentárias à cultura, e ao cinema, em particular. Há dúvida se, no ano que vem, haverá outros 50 título para exibir num mais que provável 21.º Projeta Brasil.

Entre essa produção – de mercado – tem havido um incremento do cinema de gênero. Toda força ao terror brasileiro – Morto não Fala. O humor, as comédias de blockbuster continuam sendo mais numerosas, mesmo quando os números não atingem a expectativa. E, claro, existe o cinema autoral. Desde maio, quando Bacurau foi premiado pelo júri de Cannes, o longa da dupla Kleber/Dornelles ganhou as plateias do Brasil e do exterior.

Tornaram-se frequentes os aplausos, no fim das sessões – ribombarão nesta terça, em todo o Brasil? O que representa o ataque dos gringos a uma cidade no interior do sertão? Sonia Braga, a quem Kleber ofereceu outro belíssimo papel no anterior Aquarius, brilha mais uma vez em Bacurau. Em matéria de interpretações, não são só Sônia, ou Barbara Colen, também magnífica. Andrea Beltrão é extraordinária como Hebe Camargo no longa dirigido por seu marido, Maurício Farias. Hebe – Estrela do Brasil veio para polemizar nos cinemas. Mais de um crítico acusou o filme de chapa-branca, dizendo que a roteirista Carolina Kotscho criou uma Hebe idealizada, transformando-a em paladina da luta contra a censura na TV. Carol defende-se dizendo que não inventou nada. Tudo o que mostra – as falas, as situações – é documentado.

O Simonal de Leonardo Domingues (diretor) e Fabricio Boliveira (ator) não provocou menos tititi. Há muito discute-se se Wilson Simonal foi mesmo um informante contra a classe artística durante a ditadura militar ou se, artista genial e fenômeno de comunicação, não terá sido vítima de racismo? São questões que o Projeta Brasil ajudará a iluminar. E ainda haverá a provocação de gênero de Marcus Majella no Vai Que Cola – O Início. Ou Daniel de Oliveira falando com os mortos naquele necrotério em que os defuntos mapeiam a desigualdade social no Brasil. Um dia inteiro de cinema brasileiro. Não representa pouco, mas a luta por cota de tela segue sendo aspiração da categoria.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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