A 18.ª edição do Festival de Curitiba termina hoje com a apresentação de cinco peças na mostra oficial, sendo uma estreia nacional e outra internacional, além das apresentações do Fringe.
O último dia do Festival conta com o único espetáculo internacional desta edição, a produção chilena Sin sangre, de Alessandro Baricco, que funde as linguagens do teatro e do cinema para contar uma história sobre a reconstrução da memória e o perdão.
Na peça, a tranquilidade de Mato Rujo é interrompida pela chegada de três homens armados que cercam a casa de Manuel Roca e o ameaçam. Encurralado, ele esconde sua filha pequena embaixo das tábuas do piso.
Manuel e seu filho de 12 anos são assassinados pelos pistoleiros, que buscam justiça por meio da vingança. O pistoleiro mais jovem encontra a menina escondida, mas é incapaz de matá-la e vai embora. Cinquenta anos depois, os dois se reencontram para um acerto de contas.
Hoje também é o segundo dia de apresentação da estreia nacional Borbulho, indicada para crianças. Num espaço cênico estilizado, quase como um “comic book”, com cores saturadas, surge uma paisagem plástica, feita com tecido e balões flutuantes.
Neste universo imaginário, seres surgem e se movimentam através de uma curiosa evolução. Borbulho é inspirado na Teoria de Gaia, pela qual a simbiose entre os seres cria a complexidade das futuras espécies. A partir daí, a dança aborda a capacidade de adaptação, discutindo questões ambientais.
Além dessas peças tem Ménage. Com direção de Marina Person, a peça é um espetáculo de três episódios de fundo cômico aproximado ao Teatro de Absurdo, com colagem de textos de quatro autores: Joe Pintauro, Guilherme Solari, Ivo Mueller e David Ives.
As outras duas apresentações que encerram o festival são Muito barulho por quase nada, adaptação de uma obra de William Shakespeare, com destaque para música, toda composta e executada ao vivo pelos atores e a peça Tá namorando! Tá namorando, que é o segundo espetáculo infantil do Grupo Bagaceira de Teatro, de Fortaleza.
Avaliação e cancelamentos
Ao fim de mais um festival, o organizador e responsável pelo Festival, Leandro Knopfhlz, se diz satisfeito com o resultado. “O público curitibano responde ao estímulo que o festival desperta. Fiquei orgulhoso de ter apresentado a programação da mostra e o Fringe tem trazido resultado para os objetivos que as companhias traçam. Na média, estou satisfeito”, avalia.
Ajustes no Fringe foi um dos pontos que o organizador do festival destacou para ser pensado para o ano que vem. Uma das sugestões é definir categorias para as casas de espetáculo para facilitar a escolha do público.
“Está na hora de o Fringe começar a ter caras mais definidas nos teatros que abrigam os espetáculos. Acho que os teatros têm que trabalhar dentro de uma linguagem mais próxima, que fique mais evidente para o público. Deixar um dos teatros com comédias, outro com mais dramas, por exemplo”, planeja.
Nesta edição, os cancelamentos de peças foram menores que os registrados em anos anteriores, mas os atrasos foram constantes. “Este ano tivemos uma série de imprevistos que precisamos contornar. Tem que haver respeito ao público e o espetáculo começar dentro do horário previsto. Por isso agradecemos a paciência do público”, acredita Knopfhlz.
Rock’n’Roll
Sem tempo para ensaio e montagem do cenário, a peça Rock’n’Roll, com Thiago Fragoso, Otávio Augusto, Gisele Fróes e Bianca Comparato no elenco, que deveria ser apresentada ontem e hoje, foi cancelada.
Ontem, uma audiência foi realizada entre a organização do festival e a Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor para esclarecer a situação ao público que comprou o ingresso.
Acompanhado de advogado, Knopfhlz justificou aos promotores Cristina Corso Ruaro e Maximiliano Ribeiro Deliberador que o cancelamento do espetáculo teria se dado por não ter havido acordo entre os produtores da peça, representados pela empresa Gávea Filmes, e a organização do festival, que teria apresentado várias propostas para garantir a exibição do espetáculo. A produtora da peça informou que só podem retornar com o espetáculo para Curitiba no segundo semestre deste ano.
Em acordo com o Ministério Público do Estado (MPE), a organização do festival se comprometeu a apresentar em até cinco dias documentos que atestem as declarações prestadas ontem e o resultado obtido com a devolução dos ingressos.
Quem comprou ingresso para o Rock’n’Roll pode receber o dinheiro de volta em um caixa exclusivo para a devolução na bilheteria do Shopping Mueller. Outra possibilidade é trocar o ingresso da peça por dois ingressos de outras apresentações do festival.