Produzido por Kassin, Filipe Catto lança o álbum ‘Tomada’

Filipe Catto deixou Porto Alegre para morar em São Paulo em 2010, depois de entrar em evidência em todo o País ao ter uma canção (Saga, lançada em EP em 2009) incluída na trilha da telenovela Cordel Encantado. Em seguida veio o primeiro álbum (Fôlego) e uma série de shows com banda que culminaram na gravação do DVD e CD ao vivo Entre Cabelos, Olhos e Furacões (2011). Agora, mais intenso do que nunca, volta-se para certas sonoridades de pop-rock da origem gaúcha em outro título forte, Tomada (Natura Musical), produzido por Kassin, que sai em edição digital na próxima semana e em disco físico em outubro.

O título Tomada pode ter vários significados: o da eletricidade, o da atitude, o ato de posse, de ocupação. Para Filipe, valem todos esses. “O principal, no entanto, é o sentido de eu me apropriar das minhas coisas. Não adianta se parecer com outros. O que acho bonito nesse nome é que é escandaloso.”

O ponto de partida foi reunir um bom repertório e nisso ele e Kassin acertaram no miolo. Em seguida, a reunião dos músicos adequados para tocar. “Ou seja, além da tomada houve também muita entrega. Abri o cerco, deixei as pessoas entrarem no meu trabalho, o que não tinha acontecido ainda”, diz o cantor. “Quis fazer um disco em que pudesse cantar músicas diretas, não ser prolixo. Chegou a hora de eu responder a mim mesmo essas perguntas: o que você faz que ninguém faz igual? Qual seu papel dentro do cenário musical?”, diz.

Não é de agora que sua peculiar identidade musical ultrapassa as fronteiras: ele já fez shows com Cida Moreira e homenageou Cássia Eller (projeto que teve forte influência na definição de Tomada), entre outras personalidades musicais que afinam com seu estilo arrebatado de interpretar.

No novo álbum, além de quatro canções próprias, ele gravou compositores de diversas origens e estilos, como o pernambucano Zé Manoel (Canção e Silêncio), o angolano José Eduardo Agualusa (Auriflama, parceria com a paulista Thalma de Freitas), o baiano Tiganá Santana (Íris & Arco, dele com Thalma e Gui Held), o carioca Fernando Temporão e o mineiro César Lacerda (parceiros em uma das canções mais contundentes do álbum, Um Milhão de Novas Palavras, sobre os males contemporâneos que pegam geral no Brasil).

Além de Marina Lima (autora de Partiu, em que toca violão), ele também se envolveu com outros cariocas: Pedro Luís (parceiro em Adorador), Moska (com quem divide a autoria de Depois de Amanhã) o produtor e baixista Kassin e os músicos que gravaram com ele no Rio: Pedro Sá (guitarra), Domenico Lancellotti (bateria e percussão) e Danilo Andrade (teclados).

Os paraenses Manoel Cordeiro e Felipe Cordeiro, pai e filho, se destacam em participações especiais, como Luiz Carlini (todos tocando guitarra). As guitarras, aliás, falam alto nesse disco, que também tem participação de Ava Rocha (que ele considera seu “oposto complementar”) em Do Fundo do Coração (de Taciana Barros e Julio Barroso, da extinta Gang 90 & Absurdettes), uma das três regravações de canções pouco conhecidas. As outras são Amor Mais Que Discreto (Caetano Veloso), uma delicada canção de amor gay, e a de Zé Manoel.

O primeiro single é uma das duas que Filipe compôs sozinho, Dias & Noites. A abertura remete à levada de Mania de Você (1979), hit de Rita Lee e Roberto de Carvalho, mas logo rompe em ritmo de rock. Depois de Amanhã tem outra referência conhecida e mais antiga no arranjo: os metais de Can’t Take My Eyes Off You (Bob Crewe / Bob Gaudio), clássico de 1967 do repertório de Frankie Valli and The Four Seasons.

Como o próprio cantor confirma, ele e outros nomes da música pop brasileira que deslancharam no início deste século, como Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, Kassin, Rodrigo Amarante, Mariana Aydar, Marcia Castro, Thiago Pethit, Dani Black, Ava Rocha, Pélico, não são mais apenas “promessas”. Chegaram num ponto em que conquistaram seu nicho de público com linguagem própria.

“Acho que esse disco é um pouco autorreferente. É uma questão de achar o ponto essencial. Pra mim, Porto Alegre é super ‘rock’, é muito intenso, tenho loucura pela cidade. Acho que a motivação dessa tomada é que tem a energia daquela semente, do meu início lá, tanto do rock como de outros estilos de música”, diz. “Há uma dramaticidade em gêneros latino-americanos, presentes na música brasileira, que adoro e têm a ver comigo, mas não posso cantar tango a vida inteira. Então, quis trazer aquela visceralidade que tem em Saga para algo mais contemporâneo.” Conseguiu.

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