Há menos de quatro anos, não havia nenhuma animação nacional na grade dos canais infantis das TVs por assinatura e aberta. Hoje, pelo menos quatro produções brigam em iguais condições pela atenção das crianças entre 3 e 7 anos no Brasil. O que mudou? A forma como as empresas de animação passaram a captar recursos e o interesse do governo em financiar ou beneficiar esses projetos em leis de incentivos fiscais. Segundo os produtores nacionais, não adianta produzir apenas para o Brasil. É preciso fazer animação visando o mercado mundial.

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O resultado é que desenhos como “Meu Amigãozão”, “Peixonauta”, “Escola Pra Cachorro” e “Princesas do Mar”, além do já tradicional “Cocoricó”, da TV Cultura, são programas tão íntimos das crianças quanto os gringos “Backyardigans”, “Barney” e “Vila Sésamo”. Andrés Lieban, um dos criadores da série “Meu Amigãozão”, que passa no canal Discovery Kids, conta que o Brasil se manteve fora do mercado até então por não ter a capacidade de produzir desenhos na velocidade e com preços que fossem acessíveis no mercado internacional. “A animação teve prioridade para o governo porque a possibilidade de retorno financeiro é maior”, diz Lieban. “Criamos uma série que fala de assuntos universais, como amizade, por exemplo. Depois de dublado, a criança nem percebe de onde vem a animação e por isso é mais fácil vendê-la”.

Para produzir “Meu Amigãozão”, a produtora de Lieban, a 2Dlab, foi levantar recursos com a produtora Breakthrough Animation, do Canadá, que coproduz a série e divide os custos pela metade. A empresa brasileira, foi autorizada pelo Ministério da Cultura a captar no Brasil quase R$ 12 milhões, utilizando leis de incentivo. “Tentamos fazer uma animação sem referências internacionais, como crianças jogando basebol”.

Do Canadá, veio metade dos R$ 20 milhões investidos na produção de “Escola Pra Cachorro”, exibida no canal Nickelodeon e produzida pela Mixer. A outra metade foi bancada por leis de incentivo do Ministério da Cultura. “Acredito que exista um movimento no Brasil para a criação de animações nacionais”, diz Tiago Mello, diretor executivo da área de infanto-juvenil da produtora. “Esse movimento começou há uns cinco anos, quando as produtoras passaram a procurar parceiros no exterior”, destaca. Segundo a Nickelodeon, a animação foi responsável por aumentarem 67% a audiência do canal, de segunda à sexta, às 9h. No México e na Argentina, a audiência cresceu 32% e 131% respectivamente.

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“Princesas do Mar”, exibida no Discovery Kids, também foi buscar parte dos recursos no exterior, algo em torno de R$ 10 milhões – a série custou R$ 23 milhões. “Conhecemos produtoras da Austrália e da Espanha, que nos auxiliam na série”, diz Fábio Yabu, criador da animação. Hoje, o desenho, que fala sobre princesas que vivem no oceano e ensinam as crianças a escovar os dentes e tomar banho, entre outras, é exibido em 50 países.

Mas o maior sucesso brasileiro do canal é o desenho “Peixonauta”. Segundo o Ibope, a animação foi a terceira mais vista no último trimestre de 2010, perdendo apenas para “Mister Maker” (que não é uma animação) e “Mecanimais”, ambas produções estrangeiras. Entre todas as atrações do Discovery, os brasileiros “Princesas do Mar” e “Meu Amigãozão” figuram entre os dez mais. Peixonauta conta a história de um peixinho que usa uma roupa de astronauta para descobrir a vida fora da água. A animação é exibida no Discovery Kids e também no exterior, em países como Tailândia, Israel, Egito e Iugoslávia. As informações são do Jornal da Tarde.

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