Faltava um minuto para terminar o tempo regulamentar do desfile quando o último integrante da bateria da Grande Rio atravessou a linha de chegada. A escola não perdeu pontos por atrasos, mas certamente será penalizada no quesito alegoria – uma das principais apostas da agremiação, o carro Ritual Abaueté, quebrou em frente ao Setor 4. Ficou parado por quase cinco minutos.
O enredo escolhido pelo carnavalesco Roberto Szanieck já era difícil de desenvolver: "Do verde de Coari, vem meu gás, Sapucaí", que falava da cidade amazônica, que tem jazidas de petróleo e lençóis de gás natural. O foco era o gás, mas a escola também falou de rituais amazônicos, boto cor-de-rosa, Big Bang, dinossauros, lanterna chinesa, camping, tecnologia, ciência. Ficou difícil para o público acompanhar. A apresentação começou com um contratempo. O intérprete do samba Wander Pires se atrasou para o desfile. Havia sofrido um acidente de carro. Quase foi substituído pelo segundo intérprete, Emerson Dias, mas chegou a tempo.
O presidente da escola, Helinho de Oliveira, contou que gastou R$ 4,6 milhões. Recebeu R$ 500 mil da Petrobras, como as outras 11 escolas do Grupo Especial, mas ficou faltando o patrocínio prometido pela prefeitura de Coari. Só em fantasias para a comunidade de Duque de Caxias foram 2.600. E todas estavam luxuosas. A comissão de frente, que representava a criação do Universo, trazia os acrobatas da Intrépida Trupe em evoluções. Logo atrás, o carro abre-alas era um aparelho de 300 quilos e 10 metros de altura. Os integrantes da trupe também faziam malabarismos ali.
Mas a grandiosidade acabou atrapalhando. O carro seis, sobre o Ritual Abaueté, teve problemas durante todo o desfile, mas emperrou de vez em frente ao Setor 4. A alegoria, que tinha onças gigantes e efeitos sonoros, perdeu a direção e foi bater contra uma torre de som da televisão. Era preciso dar ré, mas os rapazes do apoio não davam conta, tamanho o peso do carro. Destaques desceram e ajudaram a fazer força. Por fim, a cabeça de uma das onças caiu. Foi sustentada pelos integrantes da escola até a dispersão. O público aplaudiu o esforço da escola.
A Grande Rio, como sempre, foi a escola com o maior número de famosos (ou quase), celebridades instantâneas e artistas de verdade. Com o terninho da diretoria da escola, desfilaram Christiane Torloni (que discursava na concentração sobre a importância da preservação da Amazônia), o diretor de novelas Marcos Paulo, a promoter Liége Monteiro, a irmã do prefeito César Maia, Ana Maria Maia, a ex-Big Brother Íris, o diretor de novelas Jayme Monjardim e a mulher, a cantora Tânia Mara.
Como destaque de chão, a atriz Paola Oliveira, que mostrou samba no pé, Beth Lago, Suzana Vieira, com uma espécie de cinta que tentava esconder gordurinhas da barriga, a jogadora de vôlei Virna. Em carros alegóricos, atrizes como Fernanda Lima, grávida de sete meses de gêmeos, Carla Diaz e Mônica Carvalho. Apesar da constelação, todos os flashes estavam voltados para a madrinha de bateria, Grazi Massafera. Esforçando-se para sambar, a moça fez bonito na passarela. "Depois da primeira vez, a Marquês de Sapucaí vira um vício", disse.