Se engana quem pensa que o rock nacional morreu. Ele está vivo e respirou livremente neste sábado (7), nas mais de 15 mil pessoas que foram até a Pedreira Paulo Leminski para a segunda edição do Prime Rock Brasil em Curitiba. O festival, que celebra o bom e velho rock do Brasil, trouxe sete grandes bandas que, juntas, entregaram exatamente o que o público queria: boa música numa grandiosa festa que ultrapassa gerações. E no ano que vem tem mais, viu? Sem contar com Curitiba, vão ser oito edições Brasil afora.
Com um line-up para lá de especial, trazendo Nenhum de Nós, Biquini Cavadão, Jota Quest, Capital Inicial, Wilson Sideral, Skank e Legião Urbana, o Prime Rock Brasil fechou com chave de ouro o ano de grandes shows na capital paranaense. É claro que ainda muitas apresentações vão acontecer na cidade, mas podemos dizer que o festival, que já se tornou uma conquista dos curitibanos, veio para coroar tudo que a capital recebeu em 2019.
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À Tribuna do Paraná, o vocalista do Biquini Cavadão, Bruno Gouveia, disse que a vontade de participar do festival veio logo quando a banda soube que o evento aconteceria, no ano passado. “Na primeira edição nós queríamos muito ter feito parte, não deu, mas já pedimos para estar neste ano. Fizemos Recife e agora Curitiba. Estar aqui, numa cidade que nos acolhe sempre com muito carinho, é uma grande alegria. Todas as bandas capricharam e deram o melhor de si no palco”.
Segundo o cantor, o rock tem passado por um momento de reinvenção, mas nada diferente do que outros estilos já passaram. “Claro que existe um modismo. Deve ter sido muito difícil fazer sertanejo e funk, por exemplo, na época em que o rock era esse modismo. Mas em contrapartida a gente entende e compreende este fato de que as coisas são cíclicas e a sacada é justamente perceber que existem nichos e que não são pequenos nichos. É um pessoal que está muito afim de cantar essas canções, que passaram de geração em geração, então é justamente por isso que se torna muito legal participar de tudo isso e mostrar, em números, a força que o festival está tendo. A Prime está fazendo um grande festival com bandas nacionais e a gente fica muito feliz em estar dentro”. Veja a entrevista completa:
Wilson Sideral, que abriu o festival com seu projeto, Tropical Blues, estava emocionado com a chance que teve, principalmente num momento em que ele mesmo busca mostrar ao público seu novo projeto. “Minha proposta é encontrar, na música brasileira, do rock à música nordestina, canções que tenham esse DNA poético, alguma coisa de melancolia, alguma coisa na alma brasileira, alguma coisa do blues e amplificar. É muito legal perceber que em apenas dois anos de projeto eu consegui chegar na Pedreira Paulo Leminski, que é um templo sagrado de shows. Fiquei emocionado. Quando comecei o show, olhei para o lado e vi aquele caldeirão de natureza, senti que estava no local certo para o Tropical Blues”, avaliou Sideral.
O cantor, que é um dos responsáveis por compor, junto com Rogério Flausino, alguns dos maiores hits da banda mineira Jota Quest, disse que se preparou para subir ao palco da Pedreira e que deu nervoso, mas se surpreendeu. “Só quero agradecer ao público por me receber tão bem. Em Belo Horizonte eu participei do festival, mas estava em casa, aqui foi diferente. Me senti honrado demais em estar aqui, num evento que tem tudo para entrar num calendário nacional de rock”. Veja a entrevista na íntegra:
Os mais esperados
Não dá para negar que entre a lista das bandas, os mais esperados eram os mineiros do Skank. Isso por conta do anúncio de que o grupo vai dar uma pausa sem data para retorno, mas a partir do ano que vem, depois de uma turnê de despedida. Henrique Portugal, o tecladista, disse que embora a banda esteja curtindo os últimos shows, o Skank só tem motivos para comemorar. “Toda decisão importante gera alguns momentos de reflexão, isso que é legal. Você falar de 30 anos é uma grande história, uma longa história. Poucas bandas duram tanto tempo e continuam com tanta relevância. Cada um poder trilhar e fazer o que gosta de uma forma diferente também, porque quando você está numa banda, qualquer coisa que você faz fora as pessoas já te olham diferente. A gente só tem o que comemorar por este ciclo tão vitorioso”.
Samuel Rosa, que foi o responsável pelo anúncio de que a banda vai pausar, elogiou a ideia do Prime Rock Brasil, principalmente no que diz respeito sobre mostrar às pessoas que o rock e o pop rock nacional têm força sim. “Eu acho que o festival é importante não só para o Skank, mas para todas as bandas que aqui estão. São bandas que só fazem confirmar, pela sua longevidade, a importância e consolidação do pop rock na música brasileira. Isso sem contar também o quanto a gente influenciou gerações, basta dizer essa novíssima geração que chega agora, sempre citando a gente, essas bandas que estão aqui hoje, a gente celebra um segmento que é muito forte na música brasileira”.
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O vocalista do Skank destacou que quem acompanha só ‘a crista da onda’ se surpreende ao ver um festival como este reunir bandas que não nasceram ontem e que trazem um público de 20 mil pessoas. “E isso também é bom. Porque a gente não se assusta, mas que bom que as pessoas ainda se assustam, porque isso só contribui para revigorar a música brasileira”. Veja a entrevista completa:
Os donos da festa!
Das bandas que se apresentaram na segunda edição do Prime Rock Brasil em Curitiba, duas se destacaram simplesmente por repetirem a dose e podemos chamar de donos da festa: Jota Quest e Capital Inicial. Dinho Ouro Preto disse que a ideia do festival até agora o encanta. “É inacreditável o que está acontecendo, pois o festival que nasceu em Curitiba está se tornando um projeto itinerante: já passou por Recife, Belo Horizonte e vai viajar o país no ano que vem. Espero que o Mac [produtor do evento] consiga criar o que estava em minha cabeça que é fazer um ‘Lollapalooza’ brasileiro, que possa viajar por todo o país levando o rock nacional. É um privilégio pra mim fazer parte disso”.
Dinho, que nasceu em Curitiba, levantou o público com o Capital Inicial de uma forma impressionante. O cantor disse que estar em Curitiba, para ele, é alimento. “Faz bem a alma, primeiro lugar porque é recíproco. Nasci em Curitiba, passei parte da minha vida em Brasília, parte fora do Brasil e agora em São Paulo, mas me sinto em casa em três cidades: Curitiba, São Paulo e Brasília. Acho que somos tratados com carinho especial aqui, os shows são especialmente intensos. Pensamos até no futuro em gravar alguma coisa aqui. Pra mim é tocar em casa”. Veja a entrevista na íntegra, que teve até participação especial de um ‘invasor’ surpresa, Marco Túlio, do Jota Quest:
Os mineiros do Jota Quest foram os responsáveis por fechar a noite da segunda edição do festival e, como um bom anfitrião, Rogério Flausino falou com alegria da sensação dupla que teve, pois antes de subir ao palco com sua banda, participou do show do Capital Inicial. “Sensacional. Cantei uma música com Dinho e foi a melhor coisa que eu fiz, porque já senti a energia do público. Esse festival é, sem dúvida, uma das maiores iniciativas para o rock brasileiro. Agradeço a todos de Curitiba por essa energia sempre dispensada às nossas bandas todas e à Tribuna pelo espaço”, comentou o cantor.
O guitarrista do Jota Quest, Marco Túlio, que fez questão de fazer parte da entrevista e de um jeito bem solto, comemorou o fato de a banda ser a mais nova do evento e estar em meio aos ídolos de sempre. “Nós somos os caçulas do festival. Hoje nós tocamos com Capital músicas que a gente ensaia desde os 12 anos. É maravilhoso poder participar disso. O Jota estar aqui com relevância, uma presença forte, é um sonho, não tenha dúvidas”, disse. Veja a entrevista:
Flausino, que estava em família neste sábado em Curitiba, também comemorou o fato de seu irmão, Wilson Sideral, poder tocar no mesmo evento que ele. “O que está rolando com o Sideral é uma coisa muito bacana, merecida. Somos irmãos, começamos juntos, acho que a gente até foi longe demais porque era muito improvável que dois meninos do interior pudessem acontecer em suas carreiras. Sideral nesse festival, com clássicos da música brasileira, foi fantástico. Ele está vivendo um momento lindo, então eu fico tão feliz como se fosse para mim”. Veja um trecho do show do Jota Quest, de cima do palco:
Ano que vem tem mais!
Neste ano, como já dissemos, o festival curitibano teve a chance de sair da capital paranaense e conquistar duas cidades do país: Recife e Belo Horizonte, onde a Tribuna do Paraná acompanhou. Para 2020 os planos são mais ousados, mas não impossíveis e isso já foi provado pela capacidade que leva o Prime Rock Brasil. “O conceito é vencedor e com isso a gente vai rodar o país no ano que vem, vamos para Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e vamos fechar em Curitiba. São nove edições e o público e os artistas são os grandes responsáveis por fazer isso tudo acontecer”, disse Mac Lovio Solek, o idealizador do Prime Rock Brasil.
Em Curitiba, a terceira edição do festival está garantida, como disse Mac, também para dezembro. “Primeiro ou segundo final de semana de dezembro. Um dos nomes que tocam por aqui é a banda Blitz, que teve uma entrega maravilhosa em Belo Horizonte, que fez um show magnífico. Também teremos a mesma banda em outras capitais. Aqui em Curitiba, ainda, teremos algum repeteco de alguma banda que já tocou, isso é importante”, adiantou o produtor, mas sem entrar em detalhes sobre mais nomes. Veja o que mais contou o idealizador do Prime Rock: