O espetáculo “Memórias Torturadas – A Ditadura e o Cárcere no Paraná” promete movimentar o Festival de Teatro de Curitiba 2012. Isto por que, além de convidar o público pra uma imersão nas antigas dependências do Presídio do Ahú, a peça traz à tona informações curiosas sobre a ditadura militar no Paraná.
“A plateia vê o início do espetáculo no pátio da antiga penitenciária, quando são convidados a imergir no edifício visitando as galerias”, explica o idealizador do projeto, Gehad Hajar. Segundo ele, entrar no Ahú é surpreendente e a intenção é despertar na plateia a sensação de recém-preso, ampliando o entendimento sobre a questão de ser preso-político, trancafiado sem razões claras.
Trama
A peça conta a história de um homem e seu filho menor de idade que repentinamente são presos no Ahú e passam a conviver com torturas corporais e psicológicas.
Junto na minúscula cela, estão três outros personagens, ideólogos, que desenrolam conversas acaloradas, e muitas vezes fraternais, revelando informações sobre a luta pela democratização do país que deu início na década de 80 com as “Diretas Já”.
Estes diálogos trazem informações pouco conhecidas, como a secreta passagem de Che Guevara por Curitiba ou o maior esquema de guerrilha que se armava, no oeste paranaense.
Os fatos históricos são revelados e intercalam-se com as histórias pessoais e a angústia do cárcere humano. “É necessário compreender o valor da luta e do sangue vertido daqueles que deram suas vidas para que hoje tenhamos essa democracia. Entender o processo de democratização vai além de questões partidárias ou ideológicas, é saber sobre nossa identidade brasileira”, aponta Hajar.
Ele reforça que a peça é dedicada àqueles que foram presos e/ou perderam a vida pela luta no afã de um estado democrático de direito.
O ineditismo do espetáculo está no tema sobre a ditadura militar no Paraná e no cenário, a montagem vem em boa hora, pois o Tribunal de Justiça irá transformar o local em Centro Judiciário Civil a partir de outubro do corrente ano.