Mineiro de Pavão, uma pequena cidade do Vale do Jequitinhonha, e ex-funcionário do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, o economista Ricardo Gazel tem pela frente a missão de comandar o Instituto Inhotim, um dos maiores centros de exposição de obras de arte a céu aberto do mundo, em meio às dificuldades que vêm sendo enfrentadas pela instituição para captação de recursos via leis de incentivo fiscal, a principal fonte de recursos do setor de produção cultural no País. Gazel assume a presidência do conselho de administração do instituto, em substituição a Bernardo Paz, criador do Inhotim e que saiu do cargo na semana passada. Paz foi condenado a mais de nove anos de prisão por lavagem de dinheiro. Gazel concedeu na quarta, 6, a seguinte entrevista à reportagem.

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O Instituto Inhotim, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), vem tendo dificuldade na captação de recursos, o que faz principalmente via leis de incentivos fiscais. O que fazer para melhorar o quadro, dentro da atual situação de crise econômica brasileira?

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Inhotim tem captado recursos com lei de incentivos, recebendo doações.

Obviamente, nos últimos dois anos há uma crise no Brasil e isso reflete nas empresas e nas instituições. Vamos mostrar a eficiência da operação de Inhotim, mostrar que há projetos fundamentais para o instituto e seu entorno. Sair para captar, tentar ampliar o número de parceiros.

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A sobrevivência do Inhotim está ameaçada?

Acredito e espero que não. Todos os institutos culturais, ações de cultura obviamente não se autofinanciam. Dependem de apoio de outras instituições e do Estado. Inhotim é um ativo da cultura brasileira de renome internacional. Parceiros vão dar apoio.

A longa relação entre Bernardo Paz, criador do Inhotim condenado a mais de nove anos de prisão por lavagem de dinheiro, e o instituto pode ter arranhado de forma irreversível o instituto, afetando a captação de recursos?

Obviamente a imagem do Inhotim está associada à imagem do Bernardo. Agora, o Inhotim é uma Oscip, totalmente separada das empresas do Bernardo. Hoje, houve essa associação e nós do Inhotim estamos esclarecendo isso, mostrando que as contas do instituto são auditadas e continuamos um processo cada vez mais transparente em relação às nossas contas. Não há essa associação entre os negócios de Paz e a Oscip.

Acha que a negociação envolvendo obras de Paz que estão em regime de comodato expostas no Inhotim para pagamento de dívidas que tem com o Estado vai ser concretizada?

Se isso acontecer, há uma lei prevendo isso, o Estado passaria essas obras em comodato para a Oscip. Isso seria bom. Um comodato de longo prazo criaria mais independência para perenizar o instituto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.