Presente e evidente

Tânia Khalill sabe que não é uma atriz com larga experiência na tevê. Afinal de contas, a vilã misteriosa Nikki, de Cobras & Lagartos, da Globo, é o seu segundo trabalho de destaque nas novelas. Sua primeira e marcante aparição se deu em Senhora do Destino, de 2004, quando deu vida à Nalva, mulher que sofria por ser apaixonada pelo cunhado. Mas se ela ainda não coleciona um grande número de folhetins em sua carreira, pelo menos já conta com duas personagens interessantes no currículo. ?Tive a alegria de me envolver em duas obras muito boas, com papéis que realmente aconteceram?, avalia.

Tanto na atual novela das sete quanto na história escrita por Aguinaldo Silva, Tania sabia muito pouco do que aconteceria com suas personagens. No desenrolar das tramas, foi surpreendida positivamente com a importância que ganhou ao longo dos capítulos. ?Sempre entro com pouca expectativa. Mas nos dois casos tive uma grata surpresa?, confirma. A atriz considera, no entanto, que a participação de Wolf Maya – diretor que a levou para a tevê – é preponderante nessa empreitada. ?Ele está sempre junto do ator e faz uma parceria brilhante conosco?, enfatiza.

Cobras & Lagartos avança para a reta final, mas Tania diz não saber ainda o que deve acontecer com Nikki. ?Todo o elenco está curioso para saber como a história vai terminar?, valoriza. Para incorporar a justiceira que é uma das suspeitas de ter matado Omar Pasquim, personagem de Francisco Cuoco, Tania encarou algumas mudanças no visual. O cabelo loiro e as lentes de contato claras são algumas das transformações que experimentou. ?Nunca tinha tingido o cabelo ou usado lentes. Foi divertido e causou o estranhamento que era necessário?, afirma.

Antes de fazer os dois trabalhos que lhe deram repercussão, Tania já tinha feito outras participações na tevê. Primeiro em Sabor da Paixão, de 2002, em que interpretou uma secretária e depois no seriado Galera, da TV Cultura, fazendo uma professora de história. O envolvimento com as artes, no entanto, começou ainda na infância, com as aulas de teatro e dança. O balé clássico, especialmente, sempre fascinou a atriz. ?Mas chegou um momento em que a dança me exigia dedicação exclusiva. E eu queria fazer uma faculdade?, conta. Foi aí que ela resolveu priorizar o teatro e nunca mais parou. A experiência como dançarina, no entanto, Tania acredita que acrescenta muito na sua carreira de atriz. ?A dança exige muita concentração, preparação e consciência de você e do outro?, explica. E toda a dedicação que dava ao balé Tania destina agora à atuação. ?Sou muito focada em meu trabalho. Acredito que esse é o maior lucro que a dança me deixou?, ressalta.

O considerável caminho que percorreu até se tornar um rosto conhecido do público fez com que Tania encarasse a fama com tranqüilidade. ?Quando veio o sucesso da Nalva, eu já tinha enfrentado muita coisa. Tive maturidade para não me deslumbrar?, avalia a atriz de 29 anos.

Contratada pela Globo desde Senhora do Destino, Tania ainda não sabe o que fará na tevê depois que se despedir de Nikki. ?Acredito que a emissora sabe muito bem em que trabalho nos encaixamos?, afirma. E enquanto não pinta o próximo trabalho nas telas, ela volta para São Paulo – onde mora – para se dedicar aos projetos de teatro que toca com amigos. ?Tenho minha ?trupe? lá. A gente estuda, experimenta muita coisa e há projetos que logo devem acontecer?, adianta.

Psicologia da arte

Mesmo envolvida com a dança e com o teatro desde muito nova, Tania fez uma opção logo que terminou o ensino médio: cursar a faculdade de Psicologia. A maior influência veio da mãe, que é doutora na área. ?Sempre acompanhava minha mãe nas aulas e cresci aprendendo a me questionar?, lembra. Apesar de ter terminado o curso, Tania não chegou a exercer a profissão. Mesmo assim, acredita que o aprendizado é útil para tudo o que faz em sua vida. ?É importante porque aprendi a fazer uma auto-análise muito valiosa para nosso dia-a-dia?, pondera.

 Tania acredita também que a Psicologia auxilia muito o seu trabalho como atriz. Além de destacar o quão exigente era o curso – ?foram cinco anos que pediram muita dedicação? – ela explica que na hora de estudar e compor uma personagem, os ensinamentos que teve na faculdade a ajudam bastante. Além da prática que adquire na análise de textos, os conhecimentos na área são valiosos para responder às questões que surgem quando o ator constrói um papel. ?Saber o porquê da emoção, de onde ela vem, para onde deve ser levada. A Psicologia tem tudo a ver com isso?, argumenta.

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