Praça do Italiano, em Cascavel, terá obras de Brugnera

O artista plástico cascavelense Luiz Carlos Brugnera está trabalhando nas seis esculturas que serão inseridas no cenário da Praça do Italiano, projeto recentemente iniciado com finalização prevista até o fim do ano na Avenida Brasil esquina com a Av. Rocha Pombo. As esculturas, feitas em metal fundido com espessura de 5 centímetros e 6 metros de altura, estão sendo produzidas em parceria com a empresa Scotton.

Originalmente, segundo Brugnera, as obras surgiram da série ?Varais?, desenvolvidas entre 1995 e 1998, onde micro-esculturas eram elaboradas, tendo como ícone a mãe do artista como costureira. ?Mais tarde, a ligação com a tecelagem foi extinta e as obras passaram a compor espaços em exposições de arte com proporções cem vezes maior?, lembra ele.

Nas obras projetadas para a praça, o artista se inspira em seu trabalho anterior, utilizando uma composição similar, em uma escala maior. ?Teremos seis obras, distribuídas em dois lugares da praça, que representam a sedimentação das famílias de descendência italiana. As peças, com características de antena, vão ao encontro com a idéia de comunicação entre os povos e a repetição de anéis caracterizam a etnia?, explica. Quanto ao tamanho das obras, Brugnera afirma que em breve as árvores encobrirão o impacto, mas a proposta é permanecerem exageradamente grande.

Longa duração

Com a intenção de evitar o desgaste do tempo, as esculturas receberão um processo de acabamento artístico apos a fixação na praça. De acordo com o artista, elas serão enferrujadas com água e sal e, mais tarde, obterão da cor ocre através da conversão para metal, mantendo a textura da oxidação, mas ganhando uma coloração mais densa (marrom café). ?Isto permite uma durabilidade ao trabalho?, completa.

Segundo o diretor administrativo da empresa de fundição Scotton, Raul José Scotton, o empreendimento está deixando os funcionários da empresa orgulhosos. ?Estamos satisfeitos em participar do processo de construção das obras. Somos cerca de 20 operários e certamente nosso trabalho nas peças de Brugnera ficarão presentes na imagem do município por muito tempo?, anseia.

Raul ainda explica que a fabricação de uma obra-de-arte em metal leva mais tempo e torna o procedimento mais caro do que peças convencionais. ?Por ser mais artesanal e ser utilizado poucas vezes, os moldes se tornam mais caros. No entanto, fizemos uma diminuição nos custos como incentivo à cultura local, cobrando apenas o material?, diz.

Neste projeto, Brugnera também reduz custos, fazendo um trabalho voluntário e cedendo as imagens das obras. ?O trabalho urbano é uma conseqüência para todo artista. A importância está na configuração de minhas artes na cidade em que moro há mais de uma década, deixando minha marca?, reflete.

Planos futuros

Brugnera pretende perpetuar a idéia dos varais. Além de compor o cenário da Praça do Italiano em uma exposição permanente, o artista pensa em utilizar os mesmos desenhos dos varais em arquiteturas futuristas. ?É possível que o formato das esculturas dêem origem a prédios, onde cada anel passe a ser um andar. Só aguardo a ousadia de um arquiteto para tornar a obra tangível?, finaliza ele com entusiasmo.

O artista

Artista autodidata, Brugnera tornou sua habilidade expressa a partir de 1994, inicialmente utilizando o grafite para a obtenção de meios tons semelhantes aos da fotografia em preto e branco e, na seqüência, com a produção de alguns trabalhos em esculturas.

Aparadas por um resultado virtuoso, suas obras passam a freqüentar salões em todo o país, recebendo 30 premiações em salões oficiais. As principais delas são 26º Salão Nacional de Artes Plásticas de Belo Horizonte; 5º e 6º Salão da Bahia; 2º Arte em Selo ? XXIV Bienal de São Paulo; 55º, 57º, 58º e 60º Salão Paranaense de Artes Plásticas. Foi contemplado pelo projeto Rumos Itaú Cultural Artes Visuais em 2001/2003. 

Algumas obras do artista integram também acervos culturais importantes como National Gallery e Fondation and Center for Contemporary Arts, em Praga (República Tcheca); Musèe d?Art Moderne de la Ville de Paris e Art Core Galerie d?Art Contemporain, em Paris (França); Brasilianische Botschaft, em Berlim (Alemanha), Gallery 32 e Camden Arts Centre, em Londres (Inglaterra); Museo de Arte Moderno, de Buenos Aires; Museu de Arte de Brasília e Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Atualmente, o artista participa da exposição na Galeria Toulouse e no Paço Imperial, Rio de Janeiro.

Dos Desenhos à Casa, para os Varais Micro e Macro e, mais recentemente, a Moto, o artista empresta seu suporte à arte, sendo considerado por alguns críticos como ?caso único na história recente da arte brasileira e sua trajetória mais bem sucedida dentre os artistas surgidos na década passada?.

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