Poucos pecados

Walcyr Carrasco acertou o tom em sua primeira novela contemporânea. A trama, que começou muito focada em explicitar os sete pecados capitais, agora parece ter deixado um pouco de lado exageros de gula ou avareza, por exemplo. Começou a focar mais no romance da bela Beatriz, de Priscila Fantin, com o corretíssimo Dante, de Reynaldo Gianecchini. O sucesso do ?affair? comprova que o autor acertou em cheio na escalação. Priscila parece que nunca foi tão sedutora e atraente numa personagem.

Já Gianecchini apresenta o bom resultado de seus anos de dedicação, desde que estreou como o monossilábico e apagado Edu em Laços de família, em 2000. Em seu núcleo, outros atores também dão conta do recado. Mais do que isso. Deitam e rolam com seus personagens. Como Giovanna Antonelli, na pele da pobretona Clarice. É a primeira personagem absolutamente simplória da atriz, que, mesmo assim, consegue dar personalidade à insossa dona-de-casa.

Recheada de cenários bem-acabados e um caprichado figurino de Lessa de Lacerda, a novela é moldada para o horário das sete pelo texto leve. Mas falha pela falta de agilidade da edição e pelas longas cenas românticas. Lentas e com pouquíssima luxúria, elas caem no risco do telespectador mudar de canal, já que a faixa horária exige um pouco mais de agilidade e rapidez nos cortes e seqüências, diferentemente do horário das oito, por exemplo. No entanto, o folhetim se mantém com a previsível média de 31 pontos de audiência, com 48% de participação.

Ao abordar, na maioria das vezes, superficialmente os pecados, alguns núcleos sofrem pelo cansativo didatismo do certo e errado, do bom e do mau. Cláudia Jimenez, por exemplo, ainda não disse a que veio como a ?anja? Custódia, que tenta, a todo custo, fazer da interessante vilã Beatriz uma mocinha correta. A impressão que se tem com a interpretação de Cláudia é mais um ?déjà vu? de todos os divertidos papéis interpretados pela atriz na tevê, com os mesmos trejeitos e até cacos parecidos. Na verdade, todo o núcleo angelical, formado por Erik Marmo e Thalma de Freitas, nos papéis de Gabriel e Berenice, está longe do paraíso. Não se sabe se é pela interpretação falsamente celestial ou se o trio realmente é pouco crível. De fato, é um núcleo que nada acrescenta à trama muito bem conduzida pelo perspicaz diretor Jorge Fernando, sempre atento à direção dos atores, além do conjunto da obra. Por enquanto, faltam situações cômicas e sobram demonstrações de como evitar os inevitáveis e irresistíveis pecados. 

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