Não há duvidas que espaços públicos de Curitiba ganharam mais vida após abrigarem certas obras ricas em cores e expressões do curitibano Poty Lazzarotto (1924-1998).
Mas agora, uma exposição promovida por uma parceria entre a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e o Museu Oscar Niemeyer (Mon), mostrará aos curitibanos um lado não muito conhecido de Poty: obras em preto e branco.
Trata-se da exposição Gravuras Poty, que apresenta parte do acervo de desenhos do curitibano mantido pela FCC. Ao todo, são 97 gravuras que trazem ao público parte de algumas séries feitas pelo artista entre as décadas de 40 e 60.
Para a coordenadora de Acervo e Conservação do Mon, Suely Deschermayer, as 97 gravuras de Poty presentes na exposição representam a própria história do artista. “Apresentamos, em gravuras de Poty, vários locais e situações pelas quais ele passou durante a vida.
A exposição é como uma exibição cronológica de obras compreendidas entre as décadas de 40 e 60. São gravuras mais antigas e em preto e branco, bem diferentes daquelas que os curitibanos estão acostumados a ver pela cidade”, explica.
A exposição está dividida em séries, nas quais Poty levou para o papel, através de suas gravuras, a maneira com que ele via situações comuns do cotidiano. “Ele era um assíduo desenhista, por onde andava ia fazendo suas gravuras, desenhando e imaginando o mundo ao seu redor. Era um artista muito ativo”, conta Suely.
Uma das séries que a coordenadora destaca é comporta por retratos, inclusive o de Poty. “Nessa série ele fez um autorretrato de costas, algo incrível. Além disso, fez gravuras de seu avô italiano e de sua mãe. Essa série é como uma pincelada dos retratos feitos por Poty”, avalia.
Além dos retratos, a exposição traz outra série feita por Poty com gravuras da Bahia, compostas de paisagens envolvendo o mar, barcos e características do povo baiano.
“A ligação com as pessoas também está presente em outra série, na qual o artista destaca o trabalhador visto de uma maneira peculiar, envolvendo até mesmo pessoas em uma viagem de trem”, conta.
Algumas gravuras onde Poty retratou figuras religiosas também estão na exposição. “Nesse momento o curitibano desenha santos, como São Benedito, São Francisco, São Pedro e Santo Antonio. Ele ainda representa passagens de Cristo e também mostra um lado pouco comum: um cortejo”, diz.
Além dessas, dentre as 97 obras de Poty estão retratadas gravuras do povo na rua, mulheres em um prostíbulo, espetáculos teatrais e circenses. “Os caminhos percorridos pelos tropeiros também foram alvo das gravuras de Poty. É por tamanha gama de representações que consideramos o acervo dele mantido pela FCC extremamente rico”, reconhece.
Por fim, a coordenadora conta que tal exposição é como uma grande homenagem aos curitibanos, bem como para Poty. “Quando o público se interessa por um artista não deve ver apenas avaliá-lo por uma obra, mas pelo desenvolvimento de todo o seu trabalho. No caso de Poty, o percurso que ele seguiu até o final da década de 60 está presente na exposição. Por isso considero essa oportunidade como uma homenagem aos curitibanos, pois não há dúvidas que Poty foi um grande artista, e, o fato de ele ser da capital nos deixa ainda mais honrados”, confessa.
Ficou curioso para ver aquelas obras coloridas de Poty? Em Curitiba destacam-se o monumento comemorativo ao 1.º Centenário da Emancipação Política de Estado do Paraná, obra realizada em azulejo na Praça 19 de Dezembro.
As obras São Francisco e Paraná, estão no Palácio I,guaçu. Já as gravuras Assembléia Legislativa do Paraná e Símbolos do Paraná, estão presentes da casa legislativa do Estado.
Já a obra O trabalho humano e a evolução tecnológica, também feita em azulejo, está no Centro de Curitiba. Na Praça 19 de Março, é possível ver a obra Desenvolvimento de Curitiba. Por fim, outras gravuras de Poty estão no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, na capital.
Serviço
A exposição Gravuras de Poty poderá ser vista no Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico), até o dia 22 de novembro. O museu abre de terça a domingo, das 10h às 18h. Ingressos a R$ 4 e R$ 2 (meia-entrada). Informações pelo telefone (41) 3350-4400.