São Paulo – Em tempos de poesia árida e de um mercado com boa quantidade de equívocos, o português Eugénio de Andrade reagia com poemas breves, coloquiais, rigorosos, luminosos, elementais. Sua obra deslumbrava, a ponto de ser considerada por José Saramago como uma das três melhores poesias portuguesas de todos os tempos. Andrade morreu ontem, na Cidade do Porto, aos 82 anos, de uma doença não revelada, que o deixou acamado durante vários dias.

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Um dos poetas mais lidos de Portugal, Eugénio de Andrade só conheceu o sucesso a partir dos anos 1970s, depois de décadas de trabalho como um discreto funcionário do Ministério da Saúde. Sua poesia lírica, de alto nível, é de uma linha que de certa maneira tem sua raiz mais funda no simbolismo português.

O poeta, cujo verdadeiro nome era José Fontinha, nasceu em 1923, em Póvoa do Atalaia, em uma família de camponeses, mas vivia há mais de meio século na Cidade do Porto, onde funciona, desde 1991, uma fundação que leva o seu nome.

Autor de uma pequena grande obra de poesia, como As palavras interditas (1951), Obscuro domínio (1971), Véspera da água (1973), Matéria solar (1980) e o O sal da língua (1995), Andrade só era conhecido pelo público brasileiro por meio de uma seleção lançada pela Nova Fronteira em 2000.

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