O Santander Cultural de Porto Alegre exibe pela primeira vez no Sul do País uma exposição individual de Vik Muniz, artista plástico paulistano radicado em Nova York com obras espalhadas em diversas cidades do mundo. A retrospectiva O Tamanho do Mundo, aberta ao público na semana passada, no espaço cultural localizado na rua Sete de Setembro, 1.028, no centro histórico da capital gaúcha, fica em cartaz até 10 de agosto, com entrada franca.

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As obras selecionados pela curadora Lígia Canongia remetem a todas as fases da carreira de Vik Muniz, artista reconhecido pelas obras construídas com materiais como açúcar, poeira, papel, arame, chocolate e lixo.

Além das antigas séries Relicário, Cloud Cloud e Earthworks, compõem a mostra a nova série Postcards From Nowhere, realizada pelo artista em 2013, e as inéditas no Brasil Sandcastles e Colonies.

“Vik já nasceu internacional, foi muito bem recebido em Nova York”, destacou a curadora ao apresentar a exposição aos jornalistas, fazendo referência à primeira mostra do artista na cidade norte-americana, em 1988, de objetos que já anunciavam sua habilidade em fundir realidade e ficção, matéria e pensamento, humor e crítica.

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Essa série inicial, denominada Relicário, tem objetos como um boneco dentro de um pote, representando um bebê, um túmulo feito de recipientes plásticos, um crânio com nariz de palhaço e uma bola murcha, entre outros. Nas fases seguintes, Vik Muniz incorporou a fotografia ao seu trabalho, usando-a como base de suas obras e também para reproduzir esculturas muitas vezes criadas especialmente para serem reinterpretadas sob o ângulo das lentes.

Na série Cloud Cloud contratou pequenos aviões para que fizessem desenhos no céu de diversas cidades norte-americanas e fotografou o que viu, com resultados surpreendentes. Em Postcards From Nowhere montou painéis com cenas de Nova York, Paris, do Rio de Janeiro e de Hong Kong com colagens de imagens de postais. De longe, o espectador percebe a paisagem geral, mas, à medida em que se aproxima, vai percebendo centenas de detalhes que podem levá-lo a novas interpretações, percepções ou lembranças.

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Em Earthworks, o artista fotografa desenhos feitos em grandes terrenos ao ar livre e repetidos em pequenas maquetes, mostrando que a dimensão diferente pode ficar igual ao olhar do espectador, levando-o a refletir sobre qual é a real tamanho das coisas que se vê. Os castelos de areia desenhados em grãos de areia e fotografados, da série Sandcastles, são outra das atrações da exposição. Mas a ousadia de Vik Muniz não se resume a ela. Na nova série, Colonies, criou imagens usando material biológico como células sadias, doentes e bactérias no papel, em pequenos moldes, ampliados pela fotografia.

“Eu não passo mensagens nem crio opiniões”, alertou Vik Muniz, ao apresentar a exposição ao lado da curadora. “Acho mais interessante criar situações nas quais possa se desenvolver a percepção e o diálogo”, destacou ainda.

“Todo o meu trabalho funciona como um encontro de uma imagem que o espectador está trazendo com a que está ali.” Do painel de cidades que revela detalhes surpreendentes do cotidiano, da aparente mandala que se descobre desenhada com material biológico, do grão de areia que revela castelos, do lugar em que cada um se sente no mapa-múndi, a exposição promete muitas surpresas para todos os olhares.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.