Há diferentes tipos de mulheres com personalidade forte. Na série Avassaladoras, em meio a uma liberal, uma devoradora de homens e uma "workaholic", coube a Vanessa Lóes fazer o papel da romântica. A escolha não foi por acaso. O olhar seguro e ao mesmo tempo suave parece se encaixar perfeitamente no papel. A própria atriz admite que se identificou imediatamente com a personagem Laura, tão logo leu os perfis de cada uma delas. Vanessa prefere atribuir essa afinidade a um momento de vida que define como "mais família". "É a personagem mais parecida comigo entre as que já fiz, pelo jeito amoroso, carinhoso, ligado às pessoas e às raizes", compara.
Tanto pela personagem quanto por todo o projeto, o convite para trabalhar em Avassaladoras foi prontamente aceito por Vanessa. Muitos foram os atrativos que seduziram a atriz. Entre eles, foram decisivos o
desejo e a possibilidade de atuar em um seriado como os da tevê americana. Para ela, o ritmo ágil e o texto descontraído fazem o trabalho ser uma oportunidade ainda rara para atores brasileiros. "É diferente, a linguagem fica entre cinema e televisão, o que dá outra dinâmica. É um humor de sitcom, bem diferente de uma novela", avalia.
Além de fazer um trabalho diferente do que está habituada, Vanessa admite que também se sentiu instigada a se aprofundar na linguagem dos seriados. Mais acostumada ao formato das novelas, a atriz ficou curiosa para experimentar o que classifica de linguagem "híbrida". A ponto de considerar Avassaladoras, desde já, uma experiência marcante em sua carreira. "É uma novidade ter de aprender a dominar essa linguagem, aprender a trazer o humor e a leveza sem perder a credibilidade do que se está fazendo", observa.
Não é a primeira vez que Vanessa trabalha em uma produção da Record. Avassaladoras, uma co-produção com o canal por assinatura Fox e a produtora Total Filmes, marca a terceira passagem da atriz pela emissora. Antes, ela já participara de Marcas da Paixão, em 2000, e Metamorphoses, em 2004. "A Cintia, de Marcas da Paixão, foi minha primeira protagonista e um divisor de águas em minha carreira", recorda. Tanto pela primeira saída da Globo, quanto por ter um papel de maior destaque na novela da Record, a atriz diz que só teve a ganhar optando pela mudança. "Passei a ter a responsabilidade que uma protagonista tem, amadureci muito profissionalmente", garante.
O amadurecimento de então foi uma conquista que até hoje rende frutos. Para o próprio trabalho em Avassaladoras, Vanessa diz que não teve muitos problemas para construir a Laura. Ou melhor, com a experiência de mais de dez anos de carreira televisiva e mais de uma dúzia de trabalhos na tevê, a atriz já conhece os atalhos da criação de um tipo. "Como a personagem é muito parecida comigo, veio mais fácil, foi diferente. A minha busca foi mesmo pelo humor, que é uma coisa que eu nunca havia feito", confessa. Da mesma forma que a abordagem da série fica em um ponto entre a televisão e o cinema, a busca pelo humor é, para a atriz, uma questão associada mais à narrativa que à interpretação. "Meu trabalho foi muito mais com relação à linguagem do que na composição da personagem", conta.
Com a carreira consolidada e o frescor de um novo e diferente trabalho, Vanessa ainda se pega pensando que, por pouco, tudo isso poderia não ter acontecido. Isso porque as despretensiosas aulas de interpretação da adolescência sempre dividiram sua atenção com o trabalho de modelo e a atração pelas artes plásticas. E mesmo que o convite para a minissérie Engraçadinha, em 1995, tenha aberto para ela as portas da televisão, a atriz ainda hoje mantém o vínculo com sua outra faceta artística. "Volta e meia eu me pego fazendo cursos de pintura, fotografia, cerâmica… Adoro trabalhos manuais", revela.