Cai mais um mito!

Playboy deixará de publicar fotos de mulheres nuas

Quando se vai a um posto de combustíveis, espera-se encontrar gasolina, etanol, diesel e congêneres. A mesma coisa se nos dirigimos a uma panificadora: o mínimo que se espera é que ela tenha pão quentinho, além de um monte de outras guloseimas feitas de trigo.

Estamos dizendo isso só para contextualizar esta notícia. A partir de março de 2016, a Playboy deixará de publicar fotos de mulheres nuas. Isso mesmo. Quem comprar a Playboy para ver mulheres sem roupa ficará desapontado, embora a publicação tenha se tornado sinônimo de nudez feminina e erotismo para o imaginário masculino ao longo de 62 anos de história.

Será a maior reformulação da revista. O que moveu a Playboy a fazer esta revolução é a internet. “Agora você está a um clique de distância de qualquer ato imaginável de sexo gratuitamente. E isso é tão passé (ultrapassado) nesta conjuntura”, afirmou Scott Flanders, principal executivo da empresa, em entrevista ao New York Times.

Playboy brasileira admite repensar fórmula

Não se sabe de isso valerá para todas as playboys do mundo. No caso do Brasil,  o diretor de redação da revista, Sérgio Xavier, disse que não recebeu nenhuma recomendação. Mas o fim da nudez já é fato consumado na matriz, a Playboy americana.  E uma vez adotado lá, pode virar tendência para as demais.

“Acho, pessoalmente, que faz todo sentido o que o Hefner [Hugh Hefner, fundador da revista e editor-chefe da Playboy nos EUA] faz, estamos gradativamente perdendo com o nu”, diz Xavier. “Mas precisaremos pensar no ‘como fazer a transição’. Teremos muito o que pensar e debater”, ponderou.

A pista veio da internet

Engana-se quem pensa que esta revolução na Playboy será feita num passo dominante. A revista já vinha fazendo experimentos num público novo, e isso tem trazido resultado. Em agosto do ano passado, o site da revista parou de publicar nudez e houve duas respostas: a idade média dos leitores passou dos 47 anos para os 30; e o tráfego disparou de 4 milhões aos cerca de 16 milhões.

Agora esta estratégia bem sucedida será aplicada à edição impressa. A revista trará fotos provocativas, mas permitidas para menores – como se fosse um Instagram mais picante, segundo define o NYT. “Um pouco mais acessível, um pouco mais intimista”, garante o diretor de conteúdo, Cory Jones.

Colunas focadas em experiências femininas e jornalismo investigativo

A reformulação vai atingir também as colunas de sexo, que serão focadas em experiências femininas mais positivistas e a Playboy manterá seu tradicionalismo em jornalismo investigativo, entrevistas com profundidade e ficção, mas com outro tipo de conteúdo imagético.

E o que pensam os editores da revista, que há anos repetem a fórmula da nudez? “Não me entenda mal. Meu eu de 12 anos está muito desapontado com meu eu atual. “Mas é a coisa certa a se fazer”, resumiu Cory Jones.

Bons motivos a Playboy tem para operar esta gigantesca mudança. E talvez o principal deles é a luta pela sobrevivência desta marca consagrada. Comandada pelo playboy Hugh Hefner, a revista liderou um movimento ousado de libertação a partir dos anos 1950, mas perdeu relevância após a popularização da internet. Em 1975 a revista tinha circulação na casa dos 5,6 milhões nos EUA e hoje não passa dos 800 mil. Motivo suficiente para mudar.

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