Pitty se consagra e Caetano mostra chilique no VMB

A baiana Pitty foi confirmada como nova sensação do rock brasileiro ao vencer o prêmio de melhor clipe do ano pela audiência na 10.ª edição do Video Music Brasil da MTV para Admirável Chip Novo, música-título de seu CD de estréia. Ela também venceu como melhor clipe de rock por Equalize.

Outro grande destaque da noite foi a bronca de Caetano Veloso, que fez duas tentativas de cantar Nothing but Flowers com o ex-Talking Heads David Byrne, assolados por microfonias, ruídos da técnica e interferências outras. Lá pelo meio da segunda vez, ele pagou geral. “Olha pessoal da MTV, vergonha na cara. Vamos começar de novo e bota essa p* para funcionar direito para a gente cantar direito essa p*. Respeito. Vamos começar de novo….”.

E foi cortado para os comerciais. Na primeira vez, a microfonia comeu solta e também houve o corte para os comerciais.

O apresentador Selton Mello tentou segurar da melhor maneira possível. “Estamos aqui tentando. É ao vivo. Vou chamar de novo esses dois caras sensacionais e agora quero ver essa p* funcionando”, disse ele na terceira vez, ecoando Caetano. E funcionou às mil maravilhas. Foi o momento mais delicado e lírico da noite, uma canção suave com um arranjo minimalista, contra uma barulheira generalizada das outras atrações. No final da noite, o rato de porão João Gordo mandou no microfone: “Gostei do chilique do Caetano. Foi chilique de atitude”.

Selton Mello brilhou como apresentador, ele tem presença para segurar todos os contratempos e imprimiu uma boa dinâmica ao prêmio, que teve uma produção eficiente, misturando material pré-gravado de micos do passado, animação e depoimentos.

Noite de vencedores e homenageados

Marcelo D2 firmou seu CD À Procura da Batida Perfeita como o mais premiado do Pop Rock Rap Brasil, levando três prêmios no VMB, um de fotografia (fotógrafo – Marcelo Corpani), o de melhor clipe de rap e de melhor clipe do ano na escolha do júri. Com isso, ele fica com um total de 10 prêmios: um multishow, três Tim e seis VMB em 2003 e 2004. tudo entrando certinho sem contratempos.

O produtor Tom Capone, morto num acidente de moto em Los Angeles no dia 2 de setembro, mereceu uma homenagem especial e foi citado várias vezes. Maria Rita e Falcão, do Rappa, ambos produzidos por Capone, lembraram dele. No telão passou um clipe com cenas de Capone com alguns de seus artistas, Frejat, Skank, Gilberto Gil e ainda com o filho recém- nascido no colo.

Também não faltou chumbo grosso na festa. Foi a estréia do novo grupo de Marcelo Yuka, ex-Rappa, o F.U.R.T.O. (Frente Urbana de Trabalhos Organizados), com um som que mistura eletrônica, batida afro e rock. Yuka começou falando num rapaz chamado Danilo, do subúrbio de Guadalupe, no Rio, que saiu de casa para trabalhar e nunca mais voltou. Slogans como ”Alca não” e ”Células tronco: esperança” estavam estampados em instrumentos e camisetas, além de várias bandeiras do Movimento Sem Terra.

A canção Entre o Conflito e a Indecisão falava de violência, de ”cemitérios clandestinos de justiça”, das mães de Acari e da Praça de Maio. Yuka terminou com um pequeno discurso em que condenou a presença do secretário de Estado americano Colin Powell no Brasil e atacou a Igreja Católica por se opor à pesquisa de células tronco que podem ser uma esperança para paraplégicos como ele e Herbert Vianna.

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