Convidado pelo MAM a realizar para a Sala Paulo Figueiredo do museu uma mostra com obras do acervo da instituição que dialogassem com a produção de Abraham Palatnik, o curador Felipe Scovino diz ter fugido do que seria óbvio, ou seja, centrar seu olhar para os cinéticos. “O primeiro viés dessa exposição é uma ideia de pintura ampliada”, ele diz, referindo-se à própria característica da obra de Palatnik, que sempre se muniu do ensejo pictórico na realização de trabalhos diversos – alguns deles, até escultóricos – como Objetos Cinéticos, Aparelhos Cinecromáticos e sua série W, amplamente expostos na presente retrospectiva.
A primeira obra referencial da curadoria de Scovino em Diálogos com Palatnik, também em cartaz até 15 de agosto, é Nota Sobre Uma Cena Acesa ou Os Dez Mil Lápis (2000), de José Damasceno, um trabalho em que o artista carioca cria uma imagem tridimensional com o uso de lápis fincados na parede, representando a silhueta de um homem olhando um quadro. “É uma síntese, uma obra que envolve uma dinâmica de pintura e que entra também em um segundo viés, o da manufatura, que está em Palatnik”, afirma.
O cinetismo, de forma mais direta, é colocado através de esculturas de Willys de Castro e Sergio Camargo, mas outro conceito foi desenvolvido por Scovino na seleção das obras da coleção do MAM, o do “signo construtivo”. A mostra, assim, vai se costurando com criações de Geraldo de Barros, Jac Leirner, Aluísio Carvão, Nelson Leirner e Raymundo Colares, para citar alguns. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.