Do pintor e cineasta norte-americano Andy Warhol (1928-1987) o curador canadense Philip Larrat diz que seu maior sonho era ser invisível para xeretar o quarto dos outros. “Ele era assumidamente um voyeur”, diz Larrat, do Museu Andy Warhol de Pittsburgh, que trouxe 170 obras suas para a exposição Mr. America, a partir de sábado na Estação Pinacoteca, em São Paulo. Nessa que é a maior mostra brasileira do artista pop norte-americano, o voyeurismo de Warhol é levado ao paroxismo.

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Há desde a histórica série de retratos de celebridades como Marilyn Monroe até cenas terríveis de acidentes automobilísticos, passando por imagens de suicidas atirando-se de prédios. No entanto, são os 44 filmes da exposição que devem provar definitivamente a vocação voyeurística de Warhol, o homem que mudou a arte norte-americana nos anos 1960.

Ele inaugurou esse capítulo da história ao mostrar o outro lado de uma América rica e miseravelmente desumana que começava a testar suas bombas de napalm no Vietnã. Ao reduzir o repertório iconográfico norte-americano a celebridades e desastres, Warhol fez a crítica definitiva do que era essa América pop: vazia e violenta.

Warhol é filho dileto daquilo que os filósofos Adorno e Horkheimer chamaram de “indústria cultural”. Queria ser famoso e rico. Conseguiu as duas coisas. Uma série de retratos do cantor Elvis Presley, realizada em 1963, alcançou recentemente a fabulosa soma de US$ 100 milhões, posição que poucos artistas ocupam no mercado de arte – Picasso, entre eles. Warhol não teve de morrer para atingir a estratosfera. Já em vida suas obras custavam uma fortuna.

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Serviço

Andy Warhol – Mr. America. Estação Pinacoteca, Largo General Osório, 66, Luz, no centro de São Paulo. Fone: 3335-4990. Das 10h às 18 horas (fecha segunda-feira). R$ 6 (sábado grátis). Abertura sábado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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