São Paulo – A abertura de Picasso na Oca – Uma Retrospectiva para o público estava marcada para ontem, às 9h. Havia uma pequena fila, nada conturbada. Para se ter uma idéia, a dentista Luciana Marocchio, de 23 anos, a que primeiro entrou para ver a exposição, chegou às 8h40. “Até achamos que teria uma enorme fila, e por isso acordamos cedo. Mas não. Acho que a chuva não ajudou”, diz Luciana ao lado de seus amigos Meliza Puerro e Amélio Taveira. Realmente, como uma fina chuva caía no Parque do Ibirapuera, menos de 50 pessoas fizeram fila com seus guarda-chuvas.
Mas há uma grande expectativa – perto dos 800 mil visitantes que passaram pela mostra Guerreiros de Xi?an e os Tesouros da China, realizada no ano passado. Por exemplo, Rachel Mattara, coordenadora do programa educativo da BrasilConnects, diz que até agora mais de 40 mil pessoas já estão agendadas no projeto de visitas educativas.
Muitos dos que estiveram na mostra no primeiro dia nunca haviam visto um Picasso de perto e suas idades, opiniões e cidades de origem eram variadas. Acompanhado de seus pais, Luiz Carlos Alves Júnior, de 11 anos, é de Andradina, no interior de São Paulo, e já na escola se entusiasmou com as obras do artista espanhol. “Tudo é misterioso em Picasso”, diz o menino que também gosta de outro artista, Matisse.
Já o casal Geraldo Vidile, de 74 anos, e Josefina Vidile de 70, foram trazidos pelo filho Eduardo, de 30, músico que mora em Florianópolis. Josefina ficava imaginando “como deveria ser a cabeça de Picasso” para fazer aqueles quadros em que as pessoas sofrem metamorfoses – mas ela estava gostando – e Geraldo, que afirma estar acostumado com “arte clássica”, ficava se perguntando se “colocaria em sua casa uns quadros desses”. Sua irmã, Lucila Vidile, estava encantada com os vários estilos do artista, que só conhecia pelas revistas.
A arquiteta catarinense Carla Tomaselli, de 25 anos, também estava descobrindo as diferentes fases de Picasso. De passagem pela cidade, viu uma obra do artista no Masp, na mostra da coleção da Fundação Santander. Gostou e quis ver mais de Picasso “ao vivo”. Não importam as idades, o que fascina na mostra, como diz Luisa Ventura, de 11 anos, é que “Picasso deixava a criatividade rolar”.