Pianista curitibano tocará para o papa

Em uma confusa euforia, no próximo domingo, o pianista curitibano Álvaro Siviero embarca para Aparecida do Norte. Católico, ele parte em missão ?religiosa?, mas não como muitos peregrinos. Trata-se de uma incumbência mais que exclusiva. O músico vai para realizar um sonho que, num misto de competência, perseverança, sorte e mistérios da vida, fez acontecer. No próximo dia 12, Siviero tocará para o papa Bento XVI e os bispos reunidos para a Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, no Seminário Bom Jesus.

O pianista tocará, por uma hora e meia, para uma platéia de cerca de quarenta pessoas. Ele começa a tocar durante o almoço, por mais ou menos 45 minutos. Encerrado o almoço, a apresentação continua, por pelo menos 30 minutos. Eufórico, Siviero diz que ainda está preparando o repertório que, provavelmente, começará com Chopin, em homenagem a João Paulo II, e poderá ter ainda Szymanowski, Beethoven, Schumann, Mozart, Brahms, entre outros. ?Estou separando até algo para ser tocado a quatro mãos, com o papa, já que existe esta possibilidade?, afirma.

O músico conta que, a princípio, o convite veio de maneira até informal e desencontrada. A primeira ?pista? teria surgido em uma oportunidade, no ano passado, em Buenos Aires, onde havia um representante da comissão de organização da visita do papa ao Brasil. Um segundo contato teria sido feito com dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico do Brasil, desta vez em São Paulo, durante o lançamento do DVD Rêverie, de João Carlos Martins, do qual Álvaro participa. ?Não fiquei de braços cruzados, esperando o convite. A proposta veio e eu fui à luta?, diz.

Depois de muita expectativa, a confirmação do ?recital? veio apenas há alguns dias. Na última terça-feira, Álvaro já esteve em Aparecida para definir a sala e como seria feita a apresentação. Ele revela, extasiado, que escolheu o piano, o afinador, a cortina e até o tapete ?da sala ampla?. ?Quero encarar essa situação como um presente que recebi, mas que não mereço, apesar da minha alegria em efetivá-lo?, completa.

Como adianta Álvaro, ?a idéia não é um recital, mas vou tocar de casaca, em piano de calda longa, para o pontífice, que é um exímio pianista. Só eu e mais ninguém?. Questionado como se sentiria agora, diante de tal desafio, ele respondeu apenas que estaria confuso, ?feliz, mas com as pernas bambas?. Traduzindo este sentimento, ele completa que, perto dessa situação, tocar o 3.º Concerto para piano e orquestra, opus 30 em ré menor, de Rachmaninoff, seria ?uma bala de hortelã? (lembrando que no Brasil apenas seis músicos o fazem). 

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