Professor, aluno e profissional modernos são eternos aprendizes. Pessoas inteligentes, sábias e interessantes não envelhecem intelectualmente; ao contrário, legitimam seu amadurecimento a cada dia que passa. No terreno da arte e dos conhecimentos, o conteúdo não se esgota com as mudanças dos tempos, tecnologias, avanços científicos e modos de expressão. É deve do professor motivar o estudante a escrever e a ler, fundamentos da vida intelectual sadia. O hábito de ler é imprescindível para contextualizar a situação do momento.

Sempre procurei incentivar e encaminhar o estudante a criar com alegria e prazer. Busquei sempre não decepcionar o aluno, com muito respeito por ele e preparação das minhas aulas. Sempre que posso, faço-os entender que eles são parte da escola e da universidade. Aproveito a ocasião para lhes chamar a atenção sobre as responsabilidades de cada cidadão, como aluno, professor, gestor, político: de vereador a presidente da república.

Como professor, hoje com 83 anos, tendo nascido em 22 de junho de 1919, em São José dos Pinhais, mostro a meus companheiros de magistério que as melhores aulas são aquelas que partem de dúvidas e perguntas. Se não houver dúvidas, a aula não é boa, não houve assimilação. Se todos “entenderam bem”, é sinal de que muitos não entenderam ou não se interessaram pelo assunto. É preciso que alguém conteste alguma coisa. Minhas aulas têm que ser, necessariamente, alegres. Sempre me considerei um aluno dos meus alunos, pois, com eles, aprendo muito; graças a eles, muitas vezes, tenho que mudar minhas posições de ordem didática, pedagógica e de conteúdos.

Durante o curso de Letras Neolatinas na Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, tive como docentes Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde), Manuel Bandeira, Sousa da Silveira, Thiers Martins e Cleonice Berardinelli. Eram professores notáveis, de grande prestígio e competência. Também tive professores que não tinham interesse nem vocação para o magistério. Foram filólogos, cientistas, poetas, menos professores. Independente do programa que leciona, o autêntico professor valoriza a língua portuguesa e se interessa pela literatura brasileira. Sem hesitação, não me lembro de algum professor ter faltado às aulas, em meu Curso de Letras.

Professor é modelo consciencioso. É aquele que ministra aula devidamente preparada, documentada, pesquisada e ilustrada. Acompanha o aluno a construir o seu aprendizado. Valoriza o conteúdo que ministra. Chama a atenção pela sua humildade, pontualidade e ciência, sem a mínima exibição. Graças a Deus, tive professores com esse perfil.

O verdadeiro professor cristão é aquele que tem consciência do trabalho, do estudo, da oração e da missão que lhe é confiada. O cristianismo que procuro praticar é o cristianismo do amor (ágape), sem adjetivos, sem malabarismos filosóficos ou teológicos. Todo o tempo disponível, aproveito para ler, escrever e ensinar. Quem quer ser feliz, valorize o semelhante, a terra, o povo, apegue-se a Deus. Todos somos povo; ninguém se julgue mais do que o outro por ter uma diploma ou exercer algum cargo superior. O que encanta, é a vida simples, de família, sempre respeitando as possibilidades que as circunstâncias nos trazem. É assim que a vida deve ser levada, com disciplina, sem excessos, alimentação saudável, cuidados com a saúde, boas amizades, correspondência com os pais, filhos e familiares.

Leopoldo Scherner é poeta, escritor, professor e assessor especial da reitoria da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e integrante da Academia Paranaense de Letras.

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