Soraya Ravenle começou a tocar piano aos cinco anos de idade, quando suas mãos mal alcançavam todas as notas do instrumento. Influenciada pelos pais poloneses, Soraya sempre soube que iria seguir a carreira artística. A atriz, que na adolescência ficou dividida entre a dança, a atuação e o canto, optou pelas três – diferentemente de sua irmã, a cantora Itamara Koorax. Aos 42 anos, experiente em musicais, como Sassaricando e O Rio inventou a marchinha – em cartaz no Rio -, e Dolores, onde ganhou o Prêmio Shell como melhor atriz em 1999, Soraya comemora seu retorno à tevê. Sete anos após a estréia em novelas, quando viveu a médica Ivete em Laços de família, a atriz vive a ?peruíssima? Alaíde em Malhação. A nova rica faz de tudo para aparecer e tenta casar a filha Marcela, de Thayla Ayala, com um marido rico. ?O clima desse trabalho com a moçada é bom demais! Tem uma alegria e uma harmonia que contagiam?, elogia.
P – Por que você ficou sete anos longe da tevê após Laços de família, do Manoel Carlos?
R – Fiquei um tempão fora do ar porque minha praia maior realmente é o teatro. Cheguei até a ser sondada para ir para a Record, mas acho melhor mesmo fazer minha segunda novela na Globo. Estou contente de ir para a frente aqui. Estou me exercitando num veículo que conheço muito pouco e me sinto mais à vontade a cada dia. Em Malhação, estou começando a me sentir em casa. Usufruo mais da velocidade dessa linguagem de novelas, que é absolutamente nova para mim, que sou dos palcos.
P – A Alaíde é uma personagem cômica, o oposto do que foi a sofrida Ivete na trama do Maneco. Onde você buscou elementos para essa composição?
R – Ela é absolutamente solar, engraçada e mil vezes mais humana que a Ivete. Ela é histriônica, exagerada. Uma pobre que ficou rica. É espaçosa e extravagante. Apenas observei as mulheres que têm atitudes ?over? como ela. Mas a Alaíde é boa gente, carinhosa com o marido Arnaldo – personagem de José Rubens Crachá – e com a filha Marcela, da Thayla Ayala. Pena que ela ache que a felicidade da filha está no casamento com um ricaço.
P – Suas personagens dos musicais também têm um lado glamouroso. Você se identifica com este universo?
R – Apesar de ser o oposto desse perfil, me identifico com as personagens divertidas de compor, que são as mais solares. A ?peruísse? aguda sempre oferece elementos interessantes, mas é preciso estar atenta para não cair na caricatura. Personagens assim são mais engraçados e nos fazem exercitar o mais difícil na tevê, a comédia. Comecei fazendo gestos muito largos porque vim dos palcos. Agora meço o tamanho do exagero.
P – Ricardo Waddington, diretor de Malhação, viu sua atuação na peça Dolores e a convidou para estrear na tevê há sete anos. Agora ele voltou a interferir na sua escalação?
R – Fui chamada pelos produtores de elenco da novela. Mas acho que foi ele mesmo que me indicou. Ele sabe que estou mais familiarizada com o processo da tevê e poderia fazer uma trama que exige velocidade, com um texto voltado para os jovens.
P – O ritmo de gravações em Malhação é intenso, de segunda a sábado. Como você reorganizou sua rotina, já que está sempre em cartaz com alguma peça?
R – Graças a Deus os atores mais velhos, os adultos, têm um certo alívio nesse ritmo frenético. Mesmo assim, minha vida se tornou uma enorme correria, apesar de receber meu roteiro com antecedência. Mas me sinto num trem-bala, num jogo absolutamente veloz e lúdico.