O charme de Thiago Lacerda certamente já não rende tantos convites para publicidade quanto antigamente. É seu personagem, o Alex de América, tem despertado a indignação dos telespectadores. "As pessoas odeiam o Alex, pois sabem que ele não vale nada, que é trambiqueiro, 171, gângster e querem que o cara morra, que seja preso", diverte-se o ator. Metido nas maiores maracutaias para se dar bem, o ambicioso Alex acabou preso durante o seu casamento com Raíssa, interpretada por Mariana Ximenes. Com o espírito de sobrevivência mais forte, o vilão promete fazer de tudo para sair da cadeia. "O cara tem que sobreviver de alguma forma e se tiver de matar alguém pra ficar de pé, ele vai fazer sem a menor culpa", pondera.

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Com a novela já em fase final, Thiago já anda sondado para outros trabalhos. Ele pode integrar o elenco de Páginas da Vida, de Manuel Carlos, que vai substituir Belíssima, de Silvio de Abreu, próxima novela das oito, que já estréia dia 7 de novembro. "Ainda estou fazendo América com a Glória. Prefiro falar de outros trabalhos aqui na emissora quando terminar esse", desconversa. Mas o ator não deve ter descanso, "no máximo uma semaninha". É só terminar de gravar a trama que volta a tocar alguns projetos deixados de lado, como a peça Evangelho Segundo Jesus Cristo.

P – Como você acha que vai ser o final de Alex?

– Para mim, é uma incógnita. Até acho legal ficar nesse suspense, pois ele se amarrou de todos os jeitos. Ele não tem como escapar, apesar de tentar ainda uma última cartada. Ele consegue um suspiro com uma conversa com a Mari, que vai para o lado dele. Acho que a Glória vai acabar optando por um final politicamente correto. Esse cara vai realmente pagar pelo que tem feito. Ela também pode surpreender. Ia ser curioso se a gente tivesse a chance de ver um cara se dando bem, saindo do Brasil, se livrando dessa loucura toda. Talvez isso fosse um momento de reflexão da gente olhar para Brasília e dizer "Aqui não. Na vida real a gente não vai deixar acontecer isso".

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P – Como é que está a repercussão do personagem, principalmente nessa fase que ele está sendo desmascarado?

R – O que é legal no Alex é que as pessoas têm nojo dele, porque ele é o pior tipo de mau-caráter. Ele é cínico e isso desperta nas pessoas uma coisa nojenta. É nojento um cara que fala uma coisa e por trás faz outra. Isso é tão evidente no Alex e faço questão que seja evidente mesmo para o público. Uma vez, eu ouvi um garoto falando sério mesmo: "Você não presta. O que você está fazendo não se faz". Não tinha nenhuma ameaça, mas eu acho que faltou senso de humor. Brinquei e disse que ele não me levasse a sério. Pensei: "Pode ser sério na cabeça das pessoas".

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P – O que você está emprestando de Thiago para o Alex?

R – O Alex tem tudo de meu. São as minhas referências de dupla personalidade, de capacidade, de instinto de preservação, de sobrevivência, de mau-caratismo. A gente sempre tem referências internas. Todos nós temos um conceito do que seria a vilania, o mau-caratismo. Se você tiver que tirar isso de alguma forma para fora, você tem a sua impressão do que acha que é aquilo. Claro que é um caminho que a Glória apresenta. Mas o subtexto é nosso, sempre.

P – A fama tem atrapalhado de alguma forma?

R – Não atrapalha nada não. A fama é muito complicada, às vezes, por ser muito sedutora, muito encantadora, mas é muito falsa. É meio Alex. Você nunca sabe o que tem por trás daquela cortina de maravilhas. Eu procuro não me envolver muito e faço questão de não acreditar nisso. Então, não me atrapalha em nada.