Um dos grandes nomes do maracatu, o pernambucano Manoel Salustiano Soares, mais conhecido como Mestre Salu, foi enterrado na segunda-feira (1º), em Paulista (PE). Ele morreu domingo (31), aos 62 anos, de arritmia cardíaca, em decorrência do Mal de Chagas.
Há 20 anos, o mestre enfrentava a doença, que provoca o aumento do coração. Mestre Salu nasceu em Aliança, a 90 quilômetros de Recife, e, desde jovem, lutou pela preservação de manifestações culturais da Zona da Mata, como ciranda, coco, maracatu e caboclinho. Com seu estilo, o músico influenciou uma série de artistas pernambucanos como Siba, Chico Science e Antônio Nóbrega.
Fundador do grupo Maracatu Piaba de Ouro, Mestre Salu é considerado um ícone da cultura popular brasileira. Intuitivo e talentoso, ele envolveu platéias e fez milhares de pessoas dançarem sob os mais diversos gêneros musicais. Em 1997, ele participou, com o seu grupo, do Festival de Cultura Caribeña, em Cuba.
O músico gravou quatro álbuns: Sonho da Rabeca, As Três Gerações, Cavalo-Marinho, e Mestre Salu e a Sua Rabeca Encantada O artista também foi assessor de Ariano Suassuna na Secretaria de Cultura de Pernambuco.
Em 2007, ele foi homenageado pelo seus 54 anos de carreira ao receber o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.
Para o ministro da Cultura, Juca Ferreira, a história de Mestre Salu deixa várias lições, entre elas o empenho em preservar e divulgar a cultura popular nordestina.
“Mestre Salustiano nos ensinou que a tradição da cultura popular não deve se fechar aos novos meios e linguagens, por estar em constante movimento. Seu diálogo com as novas gerações permitiu que essa força não ficasse estacionada no tempo, disse o ministro, em nota.
Ferreira destacou ainda a contribuição que o músico deixou para o País. Prova viva da diversidade cultural brasileira em permanente processo de revitalização. Do seu berço, Aliança, terra do Maracatu e do Cavalo Marinho, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, Mestre Salu colocou o Brasil em uma pisada só, integral, sem divisas, realizando em sua própria vida a arte que assumiu.