Hoje começa uma das maiores peregrinações jamais realizada nas Americas. Um grupo de brasileiros vai iniciar a primeira parte do Caminho do Peabiru, de aproximadamente 115 km, divididos nos quatro dias do feriado de Corpus Christi. Vão participar da caminhada estudiosos do assunto e incentivadores da idéia.

Organizado pelo pesquisador Clemente Gaioski, descobridor de vestígios desta trilha indígena do Peabiru em Pitanga (PR), esta caminhada terá como objetivo mostrar a possibilidade da exploração turística idêntica à de Compostela. Passará pelas localidades da região para explicar a importância que este caminho representa para o desenvolvimento dessas comunidades, reunindo as populações durante o trajeto para fazer a conscientização e contar a história de São Tomé e do Peabiru.

Por ser uma caminhada pioneira, que certamente estrará para a história do resgate contemporâneo do Peabiru, será elaborada uma ata que coletará as impressões dos participantes e que será fiel às ocorrências do dia. Durante o trajeto os peregrinos contarão com apoio de veículos que farão o transporte do material necessário para a caminhada, bem como água potável e primeiros-socorros.

Na manhã do dia 10 o grupo sairá da cominidade de Campinas Belas com destino à localidade de Teresa Cristina, colônia francesa fundada em 1847 pelo cientista Jean Maurice Faivre, médico da corte imperial. Dia 11 o destino será Faxinal do Lacerda, onde será visitada uma rocha com traços rupestres. No sábado à tarde, dia 12, será feita a travessia do Rio Ivaí, no “Passo da Ilha das Flores”, um dos poucos vaus de passagem que o Ivaí oferece, e o destino final será Terra Santa, localidade do município de Boa Ventura de São Roque. Finalmente no domingo serão percorridos os últimos 24 quilômetros até Pitanga, onde se encerra a peregrinação.

Peabiru

O Peabiru era a mais importante via transcontinental da América do Sul pré-colombiana. Com mais de 3 mil quilômetros, o Peabiru era uma “estrada indígena” constituída em forma de rede, de 8 palmos de largura e 40 centímetros de profundidade. Era revestida por um tipo de gramínea nativa da América do Sul e que impedia que o mato tomasse conta do caminho.

Vários relatos que começam no século XVI citam o “caminho milenar feito pelos índios”, como o de Cabeza de Vaca, em 1555 e de Diaz de Guzman em 1612. O Caminho de Peabiru ligava o Atlântico ao Pacífico, do Brasil ao Peru. Unia o litoral do Paraná, Santa Catarina e São Paulo ao litoral peruano, atravessando o Brasil, Paraguai, Bolívia e Peru.

A palavra Peabiru tem uma grande variedade de traduções. A palavra, de origem tupi-guarani, pode significar “caminho forrado”, “caminho antigo de ida e volta”, “caminho brando”, “caminho suave” ou “caminho que leva ao céu e às alturas”, entre outras traduções.

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