Ele teve que aprender a cantar para ter espaço na mídia. Mas Pedro Aníbal de Oliveira, o Pepeu Gomes, já no alto de seus 40 anos de carreira, gosta mesmo de dizer o que sente ao longo do braço da sua guitarra. A sua música instrumental, cheia de influências do rock e da música brasileira, é a “pérola” da sua vida, é o que o impediu de “pendurar as chuteiras”.

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“O meu trabalho instrumental tem essa pérola na minha vida, me deixa excitado, a fim de me surpreender, me sublimar.” É por isso que o guitarrista, cantor e compositor, considerado pela revista Guitar World como um dos dez melhores do World Music, abrirá na segunda-feira a programação de shows dedicados à música instrumental brasileira, no Sesc, em São Paulo.

Até o fim do mês, passarão pelo palco do Teatro Anchieta a big band de Magno Bissoli, Bissamblazz (no dia 12), o trio pernambucano Rivotrill (19) e o flautista Altamiro Carrilho (26). Os shows são gravados pelo SescTV e exibidos em programas às segundas, às 22h, com reprises durante a semana.

“Eu já cantava desde os 14 anos, mas quando a Warner me contratou, eu tive que cantar por necessidade de espaço na mídia. Aí vem a necessidade de ter que aprender a cantar. Foi isso que me ajudou a sobreviver financeiramente, criar os filhos, porque a música instrumental não tinha espaço. E, na década de 90, ela agonizou. Agora o espaço vem se abrindo”, diz o músico.

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Repertório

O show será ministrado em doses homeopáticas, com Pepeu revisitando suas músicas desde o seu primeiro disco solo “Geração do Som”, de 1978, começando com “Saudação Nagô”, até a sua inédita “Xulipe No Reggae”, que compôs em homenagem ao filho Felipe, de 13 anos. “Ele toca essa música, mas ele não vai a São Paulo por causa da escola. Além dessa música, ele toca no meio do show Brasileirinho, e também leva a minha guitarra, troca as cordas.”

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Pepeu também tocará “Dedilhando”, música que fez para o irmão Didi Gomes, e “Cartagena”, uma salsa instrumental que ele compôs na Colômbia. “E faço homenagens aos grandes mestres”, diz, em referência às músicas que tocará ora no violão, ora no bandolim, de Valdir Azevedo, Ary Barroso, João Gilberto, Jacob do bandolim, Pixinguinha e Dorival Caymmi.

Para terminar, ele escolheu a enlouquecida “Malacaxeta”, uma música que foi inspirada em “Wait Until Tomorrow”, de Jimmy Hendrix. “Quando saí dos Novos Baianos, havia já preconcebido um disco instrumental. E sobrou um tempo no estúdio e fizemos essa música com aquela coisa toda do Jimmy, que não era uma música pretendida, mas que, assim como todas as músicas do disco, era só ligar tudo e tocar.” Mas com a energia que essa música tem, não seria legal abrir o show com ela? “Ah, mas é por isso que eu termino com ela. Essa música é para o bis.”

Pepeu Gomes – Instrumental Sesc Brasil. Segunda-feira, dia 05. Teatro Anchieta do Sesc Consolação. 320 lugares. Rua Doutor Vila Nova, 245. Tel.: (011) 3234.3000. Livre. Grátis. Retirada de ingressos com uma hora de antecedência na bilheteria.