Oenélope Cruz recebeu na noite desta sexta-feira, 27, no Festival de Cinema de San Sebastián, o prêmio Donostia, o mais importante e prestigiado da Espanha. Com um discurso contra o feminicídio, Penélope recebeu o troféu das mãos de Bono Vox, vocalista do U2 e um de seus melhores amigos. “São 44 mulheres assassinadas por violência machista na Espanha apenas em 2019. Quando uma mulher denuncia um caso de violência, ela deve ser ouvida primeiro”, declarou Penélope visivelmente emocionada.
Penélope foi a artista escolhida para ser homenageada na 67ª edição do evento. Aos 45 anos, ela se tornou a atriz mais jovem da história ao receber o prêmio. Antes dela, Fernando Fernán Gómez (1999), Paco Rabal (2001), Antonio Banderas (2008) e Carmem Maura (2013) também foram homenageados. “Hoje eu posso dizer que realizei todos os meus sonhos. Sou mãe e consegui ganhar a vida com a interpretação”, afirmou a espanhola que também dedicou o prêmio ao marido, o ator Javier Bardem, aos filhos e aos diretores Bigas Luna, Fernando Trueba e, claro, Pedro Almodóvar.
Penélope chegou a San Sebastián na manhã desta sexta-feira, 27. Elegante, atendeu a todos os fãs pacientemente. Trajando um vestido branco, a atriz sorriu, tirou fotos e arrancou suspiros de todos. “O cinema me ensinou muito sobre mim mesma. Eu cresci dentro disso. Comecei a trabalhar aos 14 anos. Mais do que aprender a atuar, o cinema me deu lições sobre caráter e comportamento”, disse Penélope aos jornalistas.
Questionada sobre ser a atriz mais jovem da história a conquistar o Donostia, a ganhadora do Oscar por Vicky Cristina Barcelona não escondeu seu nervosismo: “Eu fiquei semanas preparando o discurso. Tive uma crise de choro desde que soube que estaria ao lado de nomes como Donald Sutherland (o ator também recebeu o prêmio na noite da última quinta-feira, 26). É um momento muito importante para mim”, contou.
Com um interpretação elogiada pela crítica en Dor e Glória, a musa de Pedro Almodóvar também revelou que um dos seus próximos objetivos é ser diretora: “A primeira pessoa que soube que eu tinha vontade de dirigir um filme foi o Pedro (Almodóvar). Ele me falou que eu deveria fazer isso enquanto era jovem. Bom, hoje eu tenho 45 anos e sigo pensando nisso. Será que é um sinal?”, brincou Penélope.
Sem referências artísticas na família, Penélope também se lembrou de quando disse aos pais que queria ser atriz. “Era a mesma coisa que dizer que desejava ser astronauta. Eu, na verdade, agradeço que eles não tenham rido de mim”.
Penélope também foi ao festival para divulgar seu novo filme, La Red Avispa, de Olivier Assayas, no qual interpreta Olga Salanueva, mulher de um espião cubano que se infiltrou nas tropas norte-americanas nos anos 1980. O filme, que já foi exibido no Festival de Veneza deste ano, tem no elenco atores como Gael Garcia Bernal, Edgar Ramírez e o brasileiro Wagner Moura. “Foi o sotaque mais difícil que tive que aprender em toda a minha carreira. Estamos aqui para servir uma história. Nunca quis repetir personagens ou interpretar alguém parecido comigo. O distanciamento é o que faz com que a coisa engrene”, complementou Penélope.
Além do Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu papel em Vicky Cristina Barcelona, Penélope tem uma carreira extensa e premiada. A espanhola carrega no currículo outras duas indicações ao Oscar, três Goyas, um Bafta e um prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes. “Jamais achei que conseguiria tudo isso. É estranho olhar para trás e ver o que conquistei”, complementa Penélope.