Pelé Eterno é filme para orgulho dos brasileiros

Para quem gosta de futebol, e também para quem acha que não gosta, amanhã entra em cartaz um filme obrigatório – Pelé Eterno, dirigido por Aníbal Massaini Neto. Com 150 cópias distribuídas País afora, o documentário esboça, em 2h05, um retrato inesquecível da obra do maior jogador futebol de todos os tempos. Em entrevista, o Rei falou sobre sua carreira e o filme em sua homenagem.

P – O filme Pelé Eterno faz um bom retrato do mito Pelé?

Pelé –

É um compacto de duas horas e pouco. Faz um bom resumo não só da minha carreira como da minha vida. O filme resgata o que o Pelé representou para o País, e sem ele talvez as gerações mais jovens não teriam idéia. Acho que isso é o mais importante. Mas a minha vida ainda é cheia de mistérios. Daria para fazer vários outros filmes. Vou citar um caso. Como jogador, eu quebrei todos os recordes, entre eles o número de gols marcados. Só um eu não tenho: não marquei cinco gols de cabeça na mesma partida. Sabe a quem pertence esse recorde? Ao meu pai, Dondinho.

P – A gente sai do filme com a impressão de que aquilo que vimos não se repetirá nunca mais. Mudou muita coisa no futebol de hoje em relação ao seu tempo?

Pelé

– Mudou demais, e não só no futebol. A sociedade toda mudou. Os mais novos chamavam os mais velhos de senhor. Lá no interior a gente pedia a bênção. E o jogador jogava porque gostava da camisa que vestia. Hoje, ele joga seis meses no clube e já pensa na transferência para o exterior. Não cria raízes e os torcedores ficam sem ídolos. Naquele tempo, alguns jogadores também foram para a Europa, como o Evaristo, o Altafini, o Julinho e vários outros. Mas hoje é um êxodo. Na minha época, todo time grande tinha três, quatro craques. Hoje, quando tem um é muito e ele logo vai embora.

P – No filme aparece que você recebeu muitas propostas milionárias para a época. Nunca esteve tentado a sair?

Pelé

– Sempre preferi ficar aqui. Fui para os Estados Unidos, jogar no Cosmos, para divulgar o futebol. E voltei correndo. Quero ficar por aqui, sempre. Sou mineiro. E mineiro é muito raiz. Mas dá pena ver o futebol brasileiro do jeito que está. Toda uma seleção, inclusive os reservas, jogando no exterior. E os nossos campos vazios. Outro dia estava passando Flamengo e Corinthians, os dois times de maior torcida, com o estádio vazio. E no mesmo horário Portugal e Espanha, pela Eurocopa, com o campo explodindo de cheio.

P – Tem gente que culpa a lei que leva seu nome por tudo isso. O que você acha?

Pelé

– É engraçado. Querem a volta do passe. Porque não revogam a Lei Áurea e colocam de novo a escravidão? Eu repito o que disse quando estive no ministério: para sanear o futebol brasileiro os presidentes de clubes deveriam ser obrigados a publicar um balanço de fim de ano. Para onde vai o dinheiro de venda de jogadores?

P – Pelo que a gente tem visto nas pré-estréias do filme, o mito Pelé continua intacto. Por que você acha que isso acontece?

Pelé – Eu parei de jogar há mais de 25 anos. Sempre tive respeito pela torcida. Fico triste quando vejo jogador mandando a torcida calar a boca, acho um desrespeito. E tem o espetáculo. Eu sempre quis dar um bom espetáculo para o torcedor. As pessoas que estão lá se sacrificam, vêm de longe e têm direito à emoção do gol. Então, esse respeito pelo torcedor foi passando de pai para filho, porque quem tem 30 anos não me viu jogar e gosta de mim.

P – Você acha que o seu Santos foi o maior time de todos os tempos? Tem gente que diz que foi o Real Madrid…

Pelé

– Acho que o Santos foi melhor. Tem uma história engraçada. O Santos perdeu um amistoso para o Real por 4×2 ou 5×2 e o Real nunca deu a revanche. Evitava o Santos a todo custo. Veio para o Brasil e jogou com vários times, mas nunca aceitou jogar uma nova partida contra o Santos. Acho que isso quer dizer alguma coisa, não?

P – Qual o craque atual que mais te agrada?

Pelé

– O Zidane, pela constância. É raro ver ele jogar mal. O Ronaldinho gaúcho está em grande fase e o Kaká melhorou muito depois que foi para a Europa. Eles têm grande futuro.

P – O filme é uma grande homenagem a você, mas também ao futebol. Você já parou para pensar por que o futebol é um esporte tão popular?

Pelé

– Porque é o esporte mais barato do mundo. Põe dois tijolinhos, faz a trave. Pode jogar até com bola de meia, como antigamente. E aceita qualquer biotipo, do gordinho ao magricela. É o único esporte em que todos podem participar. Por isso hoje a Fifa tem mais filiados do que a ONU.

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