Em tempo de culto à realeza, o Cine PE não poderia dar uma bola mais dentro do gol do que fazer do Rei Pelé seu principal homenageado. Com a presença do ex-jogador do Santos e da seleção, a sessão de abertura, num Cine Teatro Guararapes com mais 3 mil pessoas, foi uma apoteose. Pelé foi saudado por seus fãs e se disse emocionado em receber aquela atenção de um festival de cinema. Fez parte do tributo prestado ao Rei a exibição do documentário “Cine Pelé”, dirigido por Evaldo Mocarzel, e cuja essência é a participação do atleta em diversos filmes, alguns sobre sua vida dentro e fora dos gramados e outros de ficção.
O público reagiu de maneira muito favorável ao filme. Aplaudiu e se emocionou. Pelé canta e se acompanha ao violão em algumas de suas músicas. Não chega a ser um Frank Sinatra. Mas é engraçado. E fala de suas dificuldades no trabalho em alguns filmes. Por exemplo, quando teve de fazer uma cena forte em “Pedro Mico”, de Ipojuca Pontes, contracenando com a atriz Thereza Rachel, mulher do cineasta. “Tivemos de repetir a cena muitas vezes porque eu me sentia mal de estar ali na cama com a mulher do meu diretor”, disse Pelé.
Na entrevista, Pelé falou ainda em cinema. Disse que, apesar de não ser ator, não recusaria convites para novos trabalhos. “Basta aparecer um roteiro de que goste e não vou recusar a oportunidade.” Um dos momentos engraçados ocorreu quando evocou o encontro com Brigitte Bardot em Paris, num dos jogos do Santos no Torneio da França nos anos 60. Uma jornalista apareceu com uma foto mostrando o time do Santos, com Pelé em primeiro plano, e BB, no auge da forma, de shortinho, cumprimentando os jogadores. “Digo no filme que ela estava de shortinho e vocês não acreditaram; agora descobriram uma foto para mostrar que falei a verdade.” Na foto, Pelé olha para frente, enquanto os outros jogadores do Santos parecem devorar BB com os olhos. “Nunca tremi num jogo como tremi diante da Brigitte.” Palavra de Rei. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.