Pedrosa doa bar de Zanine Caldas a museu

O colecionador e jornalista João Pedrosa acaba de doar um bar de Zanine Caldas para o acervo do Museu da Casa Brasileira. Feito pela Móveis Artísticos Z, o móvel tem uma forma que busca dialogar com a nova arquitetura moderna difundida no País nos anos 50. Os materiais utilizados por Zanine Caldas são novidades para a época: compensado de madeira e curvim, imitando couro.

José Zanine Caldas começou como maquetista, trabalhando para arquitetos como Oscar Niemeyer e Rino Levi. Depois, passou a produzir móveis como sócio da Móveis Artísticos Z, instalada em São José dos Campos, de 1948 a 1961. Finalmente, na década de 90, após passar pela Universidade de Brasília apoiando Darcy Ribeiro e no sul da Bahia, no projeto do Centro de Desenvolvimento das Aplicações da Madeira (DAM), começou a projetar residências em Joatinga, no Rio de Janeiro, utilizando toras de madeira e sobras de demolições. Foi neste período que recebeu das mãos de Lúcio Costa o título profissional de arquiteto.

O bar projetado por Zanine Caldas simboliza um momento de importantes mudanças na vida social no Brasil. Por ser um móvel que lembra uma situação de encontro informal com as pessoas, o bar sinaliza várias mudanças, como um maior tempo livre para fazer outras atividades além daquelas necessárias, e até mesmo um entendimento de que a casa também é um espaço de convívio de amigos e conhecidos.

Na avaliação de Alexandre Penedo, arquiteto e pesquisador do Museu da Casa Brasileira, laureado com o Prêmio Rodrigo Mello Franco 2004, do Iphan / Ministério da Cultura, por um trabalho sobre a "Móveis Artísticos Z??, o bar sinaliza uma grande transformação, acompanhada também pela chegada de utensílios como o fogão e a geladeira na cozinha e o rádio e a televisão na sala. "No período pós-guerra??, diz ele, "o bar representou para a classe média em ascensão no Brasil um momento de euforia com as possibilidades de melhoria da qualidade de vida a partir do desenvolvimento industrial e tecnológico??.

João Pedrosa, da Galeria Arte Pedrosa, localizada no bairro paulistano dos Jardins, e colaborador da revista Casa Vogue, diz que tem "a intenção de doar um móvel brasileiro moderno por ano para o museu nos próximos anos. Depois disso vou doar de 180 a 200 peças, que representam o melhor da minha coleção, incluindo vidros nórdicos e italianos, eletrodomésticos, cerâmicas, brinquedos, artes gráficas, objetos decorativos, cinzeiros, bronzes, fotos estereoscópicas e charges??.

A diretora do Museu da Casa Brasileira, Adélia Borges, diz que "esta doação vem preencher uma lacuna, por se tratar de peça muito importante para a compreensão da evolução do mobiliário em nosso país??. Ela lembra que o museu tem sido muito criterioso na aceitação de doações, pois não dispõe de reserva técnica em condições ideais de guarda e conservação de peças fora de exposição. Assim, só têm sido aceitas pelo Conselho Diretor da instituição as peças de indiscutível valor artístico e histórico.

Adélia Borges também elogia e agradece a disposição de João Pedrosa de doar móveis e objetos de seu acervo pessoal. "Sem dúvida, estas peças engrandeceriam qualquer museu do mundo, e é com grande alegria que constatamos a decisão do colecionador de encaminhá-las a um museu público inteiramente dedicado às questões do design, arquitetura e artes aplicadas??, conclui ela.

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